A medida certa

A compaixão é vista como fio condutor das relações, cabendo auxiliar noventa e nove vezes a cada vez que seja necessário realizar a correção

Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Mariah Lisboa trouxe um texto de José Herculano Pires que elucida sobre elementos importantes do comportamento humano e suas imperfeições. Com o título A medida certa, o capítulo 20 do livro Astronautas no Além, pela psicografia de Francisco Candido Xavier, trata do julgamento que ocorre sem análise profunda, sem levar em conta a complexidade do ser e que muitas vezes pode ser imerso em determinado contexto histórico e cultural.

O autor nos convida a pensar sobre “a fita métrica do juízo” que carregamos na mente, sem realmente verificarmos se o instrumento de mensuração está correto, se não sofreu alteração do tempo e do uso. 

A capacidade de julgar

Criado como imagem e semelhança de Deus, de corpo e espírito, o ser humano é capaz de ter o juízo como reflexo de sua divina justiça. Ao ser humano Deus também concede a compaixão, que é reflexo de sua divina misericórdia. Muito embora a imperfeição humana leve a carregar mais na justiça e esquecer a misericórdia, ambas estão equilibradas em Deus.  

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos no item 9 do capítulo 10 o comentário de Allan Kardec sobre a passagem evangélica de Mateus 7:3-5, em que Jesus traz a imagem do argueiro e a trave no olho para nos alertar sobre o quão fácil julgamos as imperfeições de nossos irmãos e quanta dificuldade temos em enxergar nossos próprios defeitos. Kardec nos convida ao cuidado e à necessidade de refletir sobre nossas próprias faltas, antes de julgarmos as imperfeições alheias.

Momento oportuno para utilizar a fita métrica do juízo em si antes de utilizar nos demais, com compaixão no auxílio do crescimento moral. Com alerta ainda sobre a relevância do não julgamento, a fim de não sermos também julgados. 

Compaixão e misericórdia

Pode-se considerar uma insensatez ver a falta do outro, antes da própria falta. Tal atitude é considerada fruto do orgulho, contrário à caridade, que é modesta, simples e indulgente. Entretanto, quando for necessário corrigir o erro, na medida da responsabilidade, precisamos ter o devido cuidado, na busca por coibir o mal a serviço do crescimento moral e do progresso. 

Por isso, a compaixão é vista como fio condutor das relações, cabendo auxiliar noventa e nove vezes a cada vez que seja necessário realizar uma correção. De fato, a piedade e o apoio fraterno são constantes para recapitular estes ensinamentos no exercício da convivência social em casa, na família, amigos e colegas de trabalho.

E como mandamento maior, é fundamental  lembrar da máxima de “Amar o próximo como a si mesmo”, fazendo pelos outros o que gostaríamos que fizessem por nós, na compreensão e reconhecimento do juízo regulado pela piedade, como a medida certa, evidenciada por Herculano Pires.    

Já é tempo de pensarmos nas lições de humanidade que Jesus nos deu através de palavras e exemplos. A Terra está em fase de transição para um mundo melhor. Nossas provas atuais são provas finais. Se não passarmos no exame, esmagados ao peso do egoísmo animal, seremos transferidos para outras escolas a fim de reiniciarmos os estudos.
 

— J Herculano Pires, no livro Astronautas do Além, capítulo 20.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Maria Gabriela Rocha.
** Imagem em destaque gerada via Gemini (Google AI).

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