Sociedade, Igualdade e Liberdade ante o Evangelho

Jesus, sob a luz do Evangelho, nos encaminha para praticar a liberdade com responsabilidade, a igualdade de condições a todos em sociedade e a fraternidade.

A Doutrina Espírita nos foi encaminhada pelos espíritos de luz desencarnados, organizada por Allan Kardec nos livros da codificação, e também pelos espíritos encarnados que auxiliaram nos trabalhos da mediunidade e na organização dos Centros Espíritas. Além disso, fizeram parte desse processo os Espíritos que precederam Allan Kardec e os que o sucederam e colaboraram na elaboração dos livros da Codificação Espírita.

Assim, a Doutrina Espírita é o Consolador Prometido, que veio nos auxiliar, de forma racional, a despertar, a progredir. Esse progresso individual traz, com certeza, o aperfeiçoamento da coletividade e vice-versa, da sociedade como um todo para que a paz e a harmonia sejam, um dia, comuns a todos, nos mundos conhecidos e nos mundo desconhecidos por nós. Todos os povos de todos os planetas do Universo passaram por processos de evolução diferenciados e vivem de acordo com seu nível de desenvolvimento.

A evolução da sociedade e a Doutrina Espírita

Até que esse processo de conhecimento da Doutrina viesse a dar seus primeiros frutos, longo caminho foi trilhado no que se refere ao aprendizado do significado de sociedade, igualdade e liberdade. E, ainda hoje, estamos, de forma lenta, aprendendo a conviver com nossos parceiros de jornada e tentando compreender o que significa “respeitar o próximo como a si mesmo”.

No século XVII, um expressivo movimento cultural e filosófico na Europa, e sobretudo na França, começou a se manifestar: o Iluminismo. Grandes pensadores, na Ciência, na Filosofia, na Arte (especialmente na Literatura) foram ouvidos e manifestaram suas reflexões, críticas e questões sobre a razão lúcida, o raciocínio iluminado esclarecido, assim como sobre a noção de liberdade (“Liberdade, Igualdade, Fraternidade”).

Esse movimento culminou com a Revolução Francesa e trouxe grande transformação, não só para a França como para o mundo com a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.

Do início da Revolução Francesa (1789), até a publicação da primeira obra de Allan Kardec (1857) passou-se menos de um século. O questionamento é se essa mobilização desde a Revolução, com a conscientização de que estava na hora de começar uma mudança, até o início da codificação espírita, foi acaso. Sabemos que nada é acaso na obra de Deus.

Sociedade e progresso

Jesus já nos deixou a mensagem de que “nosso objetivo é atingirmos a perfeição” e que no aperfeiçoamento das individualidades se dá o aperfeiçoamento da sociedade. Todos têm seus destinos voltados ao aprimoramento, tanto nos mundos conhecidos como nos mundos desconhecidos ainda, por nós. 

Os mundos ainda primitivos, no começo de sua jornada materialista, assim como o foi na Terra, quando tudo começou, estão também destinados ao progresso intelectual e espiritual (moral). A Terra está caminhando já há mais ou menos 100 anos para se tornar um mundo de regeneração e, assim continuamente, em direção a um mundo feliz e, após, um mundo celeste, assim como muitos planetas no Universo (A Gênese, pág. 349).

Segundo nos traz Kardec no livro A Gênese:

A humanidade é um ser coletivo no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual, com esta diferença: que umas se realizam de ano para ano, e as outras de século em século.
— A Gênese, pág. 351.

E essas diferenças trarão comoção, claro, pela diferença de ideias, trazendo desequilíbrio. A marcha progressiva da humanidade opera-se ou de forma gradual ou de forma mais brusca. É, então, um cataclisma moral para que ocorra uma nova ordem das coisas, uma nova fase de progresso moral que deve marcar os envolvidos no processo. Aqueles que persistirem no mal, serão da Terra excluídos e irão para mundos inferiores onde levarão seus conhecimentos adquiridos com a missão de fazer outras raças progredirem.

Sociedade e transição planetária

A partir do momento que a Terra sair do estágio de regeneração, passará a imperar o equilíbrio, maior tendência para o bem, para as ideias de transformação moral, de altruísmo, de caridade, e, assim, o mal vai diminuindo. Ainda haverá a presença do mal, das doenças, das misérias, dos embates, violências. Mas, tais concepções serão suprimidas, progressivamente, pelo desejo cada vez maior de fazer o bem.

Estamos em um momento de transição e então os elementos das duas gerações se confundem e, nesse movimento, verificamos a partida de uma e a chegada da outra. A cada momento, mais encarnações de espíritos mais evoluídos acontecerão.

Um dia seremos melhores e deixaremos de ser egoístas e orgulhosos. Com base na questão 793 de O Livro dos Espíritos, sabemos que nossos costumes passarão a ser mais intelectuais e morais do que materiais, para que: 

  • a inteligência possa se desenvolver com mais liberdade; 
  • exista mais bondade, boa fé, benevolência e generosidade recíprocas; 
  • os preconceitos sejam eliminados visando o verdadeiro amor do próximo; 
  • as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas tanto para o último quanto para o primeiro; 
  • a justiça se exerça com o mínimo de parcialidade, 
  • o fraco sempre encontre apoio contra o forte; 
  • a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas; 
  • haja menos necessitados; 
  • todos os homens de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário. 

Diante disso, podemos parar para pensar no que está acontecendo com a humanidade neste momento, diante de tantas dificuldades e embates. 

Sociedade e Liberdade hoje

Jesus nos instruiu ele vinha trazer a divisão e nós, em nossas interpretações, acreditamos que ele estava trazendo uma divisão social. Mas Jesus nos trazia a divisão do bem e do mal e da escravidão do espírito pela matéria, pelos prazeres mais imediatos, pelas ilusões sociais. E a função da Doutrina Espírita é a de desfazer ilusões e nos trazendo objetivos verdadeiros para nossa existência, através da transformação do velho mundo em que vivemos. 

Jesus nos deixou a mensagem de que “o Reino dos Céus estava vindo para aqueles que o queriam buscar”. O Reino dos Céus nós encontramos dentro de nós mesmos vivendo no mundo exterior sem ser desse mundo.

Kardec pergunta à espiritualidade sobre a liberdade de consciência nas questões 835, 836 e 837 de O Livro dos Espíritos e vemos que: 

A liberdade de consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos. (…) O homem tem realmente o direito de pôr entraves à liberdade de consciência? E a resposta: Não mais do que a liberdade de pensar, porque somente a Deus pertence o direito de julgar a consciência. Se o homem regula pelas suas leis a relação de homem para homem, Deus, por suas leis naturais regula as relações do homem com Deus. A liberdade de consciência é uma das características da verdadeira civilização e do progresso.
— O Livro dos Espíritos, questões 835-837.

Sociedade e Livre-arbítrio

O grande presente que ganhamos de Deus é o livre-arbítrio e é através dele que progredimos, utilizando nosso próprio esforço para melhorar, utilizando nossa consciência como uma reguladora de nossas atitudes. Não podemos crescer impedindo outros de crescerem. Que o amor em nossos corações nos permita que possamos nos instruir reciprocamente respeitando uns aos outros. Evolução sim, violência não. Solidariedade primeiro, educação sempre.

O nosso progresso baseia-se em um esforço contínuo de aperfeiçoamento e adaptação. Olhamos para dentro de nós, verificamos o que precisa ser transformado e vamos nos adaptando a essa nova realidade. Mudando, auxiliamos nossos irmãos a mudar também. 

Muitas vezes a pretexto de libertar, suprimimos os direitos dos outros coagindo e subjugando, eliminando o direito da melhoria. Civilizar é humanizar. 

As maiorias menos capazes devem ser elevadas ao nível das minorias avançadas. E temos de respeitar o tempo de cada um porque não somos nós que decidimos o tempo de fazer de cada ser, para que não ocorram injustiças, como vem acontecendo há muito, muito tempo.

O processo civilizador do cristianismo é espiritual e não material, porque o homem é espírito e não matéria. A adaptação às mudanças deve vir de estímulos e não de pressões ou opressões. 

A educação deve ser pela qualidade e não pela quantidade porque todos merecem e têm direito a aprender e a criação de uma massa (coletividade) que segue padrões estabelecidos pela minoria para usufruto dela sem que possa proporcionar à maioria a possibilidade de exercer seu livre-arbítrio na busca de evolução intelectual e espiritual.

A evolução estimulada pela solidariedade humana e pela educação com exclusão da violência é o único caminho da civilização com Jesus. Só existe esse caminho, que é o caminho do amor, da educação e do conhecimento.

Sociedade, Liberdade e Igualdade com amor

Jesus, sob a luz do Evangelho, nos encaminha para praticar a liberdade com responsabilidade, a igualdade de condições a todos em sociedade e a fraternidade.

Podemos então nos perguntar: 

  • será que nesses mais de duzentos anos desde a Revolução Francesa conseguimos fazer algum progresso?

Sim, o Consolador Prometido surgiu para nós com a Codificação da Doutrina Espírita realizada por Allan Kardec. O Espiritismo veio ratificar a promessa de Jesus e, sob a luz do Evangelho ensinar-nos a praticar, na vida cotidiana a liberdade, a igualdade e a fraternidade. 

Esses valores, vividos em sua expressão mais sincera e verdadeira nós os teremos no íntimo de nossos corações e saberemos ser pacíficos e positivamente ativos no trato com nosso semelhante e na sociedade em que nos encontramos.

Segundo O Livro dos Espíritos, na questão 791, “a civilização se depurará um dia, quando a moral estiver tão desenvolvida quanto a inteligência. O fruto não pode vir antes da flor”.

Referências:

– A GÊNESE. Págs 349 e 351.

– LIVRO DOS ESPÍRITOS. Questões 791,793, 836 e 837.

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
**Imagem em destaque vida DALL.E do ChatGPT.

Compartilhe:

Outros Posts