Saúde Mental na visão do Espiritismo

A autoanálise, trabalhada pela insistência de preservação dos ideais superiores da vida, é o recurso preventivo para manter a saúde mental e global do Ser

Saúde mental

Falando de saúde mental, na introdução de seu livro Nas Fronteiras da Loucura, Manoel Philomeno de Miranda, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, afirma:

É muito diafana a linha divisória entre a sanidade e o desequilíbrio mental.
Nas Fronteiras da Loucura, introdução.

Muitos problemas existem que podem abalar o indivíduo, física e emocionalmente. Em boa parte dos casos são dificuldades que, após sanadas, fazem com que o mesmo retorne ao estado normal.

Existem, naturalmente, casos mais complicados que podem levar à loucura, sobre os quais influenciam de modo geral o histórico espiritual do ser e/ou processos obsessivos espirituais. A obsessão começa de maneira simples levando até a subjugação.

Seja pelos processos infelizes da obsessão, seja pelos impulsos desequilibrados que procederam de outras encarnações, dos quais a criatura não conseguiu se liberar, grassa no mundo um redemoinho de distonias psíquicas, onde vamos encontrar desalentados, sofredores e invigilantes irmãos nossos.

Obsessão

O intercâmbio mental entre os seres, encarnados e/ou desencarnados em faixas vibratórias negativas, fazem com que grandes perturbações influam sobre o psiquismo e a moral dos homens e também sobre as instituições sociais.

Nas muitas técnicas obsessivas, espíritos ainda não esclarecidos estimulam toda uma sorte de paixões e sentimentos inferiores, além de atuarem no organismo físico e perispiritual do obsedado.

Assomam estados de insegurança, enfermidades, insucessos, angústias e o indivíduo, por recusar-se aos convites sadios da vida, por não querer ouvir sábias sugestões, por não participar de ambientes e convívios saudáveis, por omitir-se no trabalho do bem e por não querer renovar-se pelo estudo, autoanálise, reflexões, vai descambando para o terreno perigoso do desequilíbrio mental chegando, não raro, à loucura.

O indivíduo utilizando a mente cria quadros mentais nos quais encontra estímulos às suas realizações, positivas ou negativas. Nas criações negativas muitas brechas são abertas pela invigilantes criaturas. Através delas, muitos convites de espíritos desequilibrados estimulam o ócio, as viciações, povoando a mente infeliz de idéias perturbadoras. Eis formado o círculo.

Superação

O fatalismo da vida é apenas o fatalismo da evolução. Toda criatura foi criada para o progresso que a conduzirá a perfeição. É certo que há sofrimentos pelo caminho, mas é igualmente certa a claridade do Amor Divino nos estimulando. Só o espírito ignorante das causas sociais ainda teima em permanecer estacionado em seu papel.

Contrapondo-se às posições vibratórias negativas, urge o cultivo das aspirações nobres no sentido de promover o amadurecimento psíquico e espiritual do homem.

O Espiritismo, nos esclarece Manoel Philomeno de Miranda:

… é o mais eficaz e fácil tratado de Higiene Mental; desempenha um relevante papel, qual seja o de prevenir o homem dos males que ele gera para si mesmo e lhe cumpre evitar, como facultando-lhe os recursos para superar a problemática obsessiva, ao mesmo tempo apoiando e enriquecendo os nobres profissionais e missionários da Parapsicologia, da Psiquiatria, da Psicanálise…
Nas Fronteiras da Loucura, introdução.

Ajuda terrena e espiritual

Enfatizamos os recursos citados e tantos outros segmentos da Psicologia, da Medicina, como imprescindíveis para a busca de saúde mental, saúde do Ser. A contribuição da Doutrina Espírita reflete-se no trabalho higienizador espiritual, baseado nas sugestões do Evangelho de Jesus.

À luz da mesma Doutrina, tanto o doente mental como aquele propenso a comportamentos depressivos e/ou neuróticos não pode ser visto apenas como um ser carnal, é necessário acrescentar a visão espiritual.

Terapia espírita

O Espiritismo procura analisar as causas do processo perturbador ou obsessivo. Considera as causas das aflições atuais, que incluem uso inadequado do dom mediúnico, negligências diante da vida, sentimentos e atitudes inferiores, etc. E causas anteriores, como experiências acumuladas de vidas passadas, porém mal vivenciadas.

A Filosofia Espírita, baseada nestes princípios (existência de Deus, evolução, imortalidade da alma, reencarnação, influência dos espíritos sobre os homens, comunicação com espíritos desencarnados, diversos mundos habitados) deixa-nos uma grande margem de considerações. Todo um processo de valorização começa com a criatura que descobre sua utilidade, seu propósito na vida. Seu sentido de viver.

As análises sugeridas pela Doutrina fazem o homem pensar no ponto que representa frente ao Universo. Não para o intimidar, mas para fazê-lo descobrir a grandeza de Deus.

Educação à base do Evangelho de Jesus é o que oferece a Terapia Espírita. Convidando o indivíduo a transformação moral, atraindo-o às ações dignas e ao trabalho no bem, estimulando-o a prática da oração, leituras. Para enriquecer e fortalecê-lo a vibrar positivamente. Os casos mais graves requerem, naturalmente, recursos fluídicos revitalizadores das forças e da saúde, além da Medicina e da Psicologia terrena.

Atendo-nos ao campo da conduta e conquista de espiritualidade, e examinando como o Espiritismo pode contribuir para a saúde mental, vamos encontrar como peça principal o próprio indivíduo, querendo melhorar-se.

A autoanálise, trabalhada pela insistência de preservação dos ideais superiores da vida, é o recurso preventivo para a manutenção do bem-estar e da saúde nas suas várias expressões.
— O Ser Consciente, capítulo 7, Fatores de desequilíbrio.

Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento individual com o Cristo!
— Opinião Espírita, capítulo 1, Examinemos a nós mesmos.

Acompanhe também a palestra sobre saúde mental na visão espírita:

Contribuiu para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.
Imagem em destaque: via Pixabay.com

Anexo – saúde mental

Há vasto material espírita que pode nos ajudar na manutenção da saúde mental, a começar pelas obras básicas da codificação de Allan Kardec. Se buscarmos entender, meditar, sentir e vivenciar o Evangelho de Jesus, estaremos em direção de uma vida mental mais saudável. Com amor e compreensão de que não faremos isso do dia para a noite.

A fim de exemplificar a “terapia” espírita, aplicada na superação de fatores de desequilíbrio mentais (espirituais), seguem trechos retirados do livro O Ser Consciente, de Joanna de Ângelis, por Divaldo Pereira Franco:

Entre os muitos fatores de destruição do equilíbrio, anotemos (…) a angústia, o rancor, o ódio, que se convertem em gigantes da vida psicológica, com poderes destrutivos.
O Ser Consciente, capítulo 7, Fatores de desequilíbrio.

A angústia

O recurso para a superação dos estados de angústia, quando não têm um fator psicótico, é a conquista da autoconfiança, delineamento de valores reais e esforço por adquiri-los ou recorrendo ao auxílio de um profissional competente.
As ocorrências de insucesso devem ser avaliadas como treinamento para outras experiências, recurso-desafio para o crescimento intelectual, aprendizagem de novos métodos de realizações humanas.
Exercícios de autocontrole, de reflexões otimistas, de ações enobrecedoras, funcionam como terapia libertadora da angústia, que deve ser banida dos sentimentos e do pensamento.
O Ser Consciente, capítulo 7, Fatores de desequilíbrio.

O rancor

A criatura humana tem a destinação da plenitude. O seu passo existencial deve ser caracterizado pela confiança, e os acontecimentos desagradáveis fazem-se acidentes de percurso, que não interrompem o plano geral da viagem, nunca impeditivos da chegada à meta.
Por isso, os acontecimentos impõem, quando negativos, a necessidade de uma catarse libertadora, a fim de não se transformarem em resíduos de mágoas e rancores que, de contínuo, assumem mais danoso contingente de ocorrência destrutiva.
A psicoterapia do perdão, com os mecanismos da renúncia dinâmica, consegue eliminar as sequelas do insucesso, retirando o rancor das paisagens mentais e emocionais da criatura, sem o que se desarticulam os processos de harmonia e equilíbrio psíquico, emocional e físico.
O Ser Consciente, capítulo 7, Fatores de desequilíbrio.

O ódio

O ódio é estágio primevo da evolução, atavicamente mantido no psiquismo e no emocional da criatura, que necessita ser transformado em amor, mediante terapias saudáveis de bondade, de exercícios fraternais, de disciplinas da vontade.
O Ser Consciente, capítulo 7, Fatores de desequilíbrio.

Condições do progresso e harmonia

Quando alguém aspira por mudanças para melhor, irradia energias saudáveis, do campo mental, que contribuem para a realização da meta. Através de contínuos esforços, direcionados para o objetivo, cria novos condicionamentos que levam ao êxito, como decorrência normal do querer. Nenhum milagre ou inusitado ocorre, nessa atitude que resulta do empenho individual.
O Ser Consciente, capítulo 8, condições de progresso e harmonia,.

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