Este artigo é baseado em palestra transmitida nos canais digitais da AEFC, por Fabiana Fertig, Pedro Paulo Amorim e Ilani Nunes. Os palestrantes se basearam no livro Jesus no Lar de Francisco Candido Xavier, pelo espírito Néio Lúcio.
Os ensinamentos do Mestre Jesus nos levam a compreender a necessidade de mudança no âmbito familiar, através do Evangelho no Lar, hábito que se iniciou há quase vinte séculos na casa de Simão Pedro e trouxe profundas transformações nas vidas de todos nós. Traremos então de uma narrativa de Jesus, contida no livro citado.
A melhor conduta diante de Deus
Estava o mestre reunido com os apóstolos que comentavam entre si qual a conduta mais aconselhável diante do Todo Poderoso. Jesus falou, então:
Certo rei, senhor de imensos domínios, desejando engrandecer o espírito dos filhos para conferir-lhes herança condigna, conduziu-os a extenso vale verde e rico de seu império e confiou a cada um determinada fazenda, que deviam preservar e enriquecer pelo trabalho incessante. O pai desejava que eles conseguissem a compreensão do amor e da sabedoria, conquistável através da educação e do serviço. Deu-lhes, então, um tempo para isso porque o vale era sujeito a modificações e chegaria uma tempestade. Era necessário que se construísse reduto seguro. Assim que o rei se retirou, os príncipes descansaram observando a beleza das planícies e quando se levantaram para a tarefa, entraram em contrariedade sobre as leis de solidariedade, justiça e defesa. Quase ninguém se preocupava em seguir os regulamentos do governo central e pensavam, até, em sonegar os princípios a que haviam jurado obediência. Gastaram tanto tempo em bajulações, conversações inúteis e rixas verbais, que o tempo ia se esgotando e os insetos destruíram grande parte dos recursos, assim como detritos desceram de serras próximas criando monturos nos terrenos.
Mas, um dos filhos anotou o decreto do pai e cumpriu tudo que ele tinha pedido, repousou quando necessário e construiu um sólido abrigo que lhe garantiria a tranquilidade no futuro, semeando beleza e alegria em toda a fazenda.
— do livro Jesus no Lar, capítulo 8.
Jesus, ao terminar de contar a história, ofereceu um tempo para que os ouvintes a assimilassem. Depois, disse:
Quem muito analisa, sem espírito de serviço, pode viciar-se facilmente nos abusos da palavra, mas ninguém se arrependerá de haver ensinado o bem e trabalhado com as próprias forças em nome do Pai Celestial no bendito caminho da vida.
— do livro Jesus no Lar, capítulo 8.
Aqui, acontece a prática do Evangelho no Lar, do qual Jesus participava na casa de Simão Pedro. Agora imaginemos uma reunião do Evangelho no Lar dirigida por Jesus e secundada pelos apóstolos, que eram pessoas simples, pescadores e outros trabalhadores. Quanta luz irradiava nessa reunião! Lembremos que Jesus nos ensinava através de parábolas e elas persistem até hoje, estando mais perto da verdade e que traziam situações cotidianas, sendo assim, mais fácil para as pessoas entenderem, pois eram contadas de forma simples, para gente simples.
O que nos diz o Príncipe Sensato
Nesta parábola sobre o Príncipe Sensato, Jesus mostra que Deus, nosso pai, nos dá a liberdade, o livre arbítrio em nossas ações e que essas ações formarão nosso amanhã. Que o nosso hoje é fruto das escolhas que fizemos no passado. E mais, Deus nos dá tempo para assimilarmos o que precisamos realizar, assim como os príncipes da parábola.
Verificamos que só um dos filhos faz aquilo que lhe é solicitado, enquanto os outros agem por orgulho e vaidade, que é o que não nos permite pensar adequadamente. Esses irmãos abusam da ociosidade, da hora vazia. E, como nos traz O Livro dos Espíritos, na terceira parte sobre as Leis Morais, o trabalho com amor e dedicação faz parte das boas ações do nosso dia a dia. As horas vazias nos fazem ter pensamentos pouco edificantes e, mais importante, perdemos a oportunidade que nos é dada para aproveitar uma encarnação para fazermos o que devemos fazer, já que ninguém veio em uma vida para ficar ocioso. Temos muito a trabalhar para evoluir.
Os obstáculos ao trabalho
Qual é a melhor conduta para ver a Deus? Como devemos trabalhar para atender a seus desígnios? Esse pai levou esses filhos nesse vale para que eles começassem sua construção espiritual. No início da história, Jesus diz que o pai levou seus filhos a um lindo vale, verde e fértil, e que os filhos ficam deslumbrados com tanta beleza. Mas eles não estavam ali apenas para contemplar, mas para construir e ficarem protegidos no futuro.
Trazendo isso como lição para nós, no nosso tempo, verifiquemos quais são nossas dificuldades para fortalecer aquilo de bom que há em nós, porque esse bem que está dentro de nós tem que estar forte para enfrentarmos as lutas que fazem parte da nossa própria história. E o mestre nos traz também a importância da lealdade, de cumprir o que foi determinado pelas partes (pessoas), em questão. Fala da liberdade que nos é concedida, ou seja, nosso livre arbítrio, para ser utilizado com responsabilidade.
E na parábola ocorre como ainda acontece hoje: são muitas palavras, mas o difícil é a ação. Outros aspectos importantes são a compreensão, o amor e a sabedoria. Tudo isso será conquistado através da educação e do serviço. Ou seja, fortalecer essa muralha que será construída, pois quem vai enfrentar a tempestade somos nós.
Preparando-se para o temporal
Devemos utilizar nosso material transitório (nosso corpo), como instrumento de evolução, porque temos um tempo disponível para isso, trabalhando sempre no bem para caminharmos em direção à perfeição.
Então, esses filhos do rei da história somos nós, que estamos no mundo. Alguns estão trabalhando, outros estão vendo a vida passar. E o rei, é Deus, nosso pai, que nos criou para que possamos progredir e iluminar nossas mentes.
Os filhos do rei nos representam, nós que ainda ficamos olhando uns para os outros, julgando e pensando, nesse julgamento, quem é melhor que o outro. Mera ilusão. Aquele que se liga ao verdadeiro amor do Cristo, vencerá.
Então, como saber se estamos nos preparando para o temporal?
Trabalhando! Trabalhando sempre na seara do Cristo, já que a vida nos oferece inúmeras oportunidades de sermos úteis em várias frentes, no nosso lar, no nosso trabalho, na nossa escola, no nosso dia a dia, sorrindo, sendo pacientes, amorosos e compreensivos nas dificuldades do próximo oferecendo auxílio e um ombro amigo.
Isso tudo significa trabalhar para o próximo, estando assim trabalhando por nós mesmos. Que possamos olhar para dentro de nós, nos estudar, analisando aquilo que podemos melhorar e deixar um mundo, pelo menos, um pouquinho melhor quando desencarnarmos. No trabalho, nos preparamos para as adversidades e estaremos bem acompanhados pelos espíritos de luz, aumentando assim o número de trabalhadores que labutam pelo bem estar de todos.
Fazer aos outros o que eu quero que façam a mim é a lei áurea e está nas máximas de qualquer religião. Assim sendo, que possamos nos educar espiritualmente e trabalhar auxiliando nossa família com muito amor a também nos educar, sucessivamente, através do exemplo e do estudo, transformar nosso querido planeta.
A Terra é nossa escola e passamos, aqui, por processos naturais de evolução. As dificuldades virão, fazem parte daquilo que plantamos e estamos colhendo, como o temporal da parábola. O que podemos fazer é nos preparar, procurando o que há de melhor em nós através do trabalho edificante. E, para finalizar, recordando Emmanuel: “o bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte”.
Acompanhe na íntegra a palestra que inspirou esta publicação:
REFERÊNCIAS:
– O Livro dos Espíritos. As Leis Morais. Livro terceiro.
– XAVIER, Chico. Livro Jesus no Lar. Cap. 8. Pelo espírito Néio Lúcio.
– Xavier, Chico. Livro Vinha de Luz. Cap, 162. Pelo espírito Emmanuel.
*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
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