Jesus e repouso

O trabalho é lei da vida, tanto quanto o é o repouso. Este, porém, não é paralisação, ociosidade, nem corrida da busca de coisa-nenhuma.

Jesus e Atualidade, a expositora Carla Ribeiro trouxe aos canais digitais da AEFC suas reflexões sobre o tema Jesus e Repouso. 

Carla inicia levando-nos a refletir sobre o que é o repouso. Segundo o dicionário Michaelis, a palavra significa a ação ou efeito de repousar, a cessação de movimento ou de trabalho, a folga de trabalho; descanso, tranquilidade espiritual; sossego.

Nos dias atuais temos a impressão de que repouso é algo que não temos mais. Nossas atividades cada vez mais intensas e frequentes e toda a tecnologia à nossa volta tornam escassos esses momentos. 

O preço das sonhadas férias

Carla discorre sobre um pequeno vídeo que demonstra momentos de alegria em um grupo de amigos, em meio a uma viagem de férias. E questiona: “o que podemos entender sobre essa demonstração de alegria, entre esse grupo?”. O vídeo em si parece transmitir o desejo de viajar, de se programar para ter repouso conquistado pelo trabalho. 

Gera portanto, uma febre entre as pessoas. instigando-nos à pensar: e aqueles que não conseguem tal realização? Diante disso, destaca o texto de Joanna de Ângelis sobre o tema:

A febre das viagens toma conta das criaturas.
Aquele que as não realiza, sente-se diminuído, marginalizado, sem status social.
Por extensão, todos desejam realizar o seu plano alternativo de espairecimento e descanso.
— Jesus e Atualidade, capítulo 16, Joanna de Ângelis por psicografia de Divaldo Franco.

Joanna traz a crítica sobre as férias almejadas, tão desejadas, mas, que, no entanto, nos desgastam tanto. Quando o foco, é o compartilhamento social, as redes sociais, pessoas tiram férias, mas não as aproveitam verdadeiramente. Enquanto quem não as realiza passam a ser marginalizados, por não conseguir a maravilhosa viagem.

Joanna vai além e nos faz questionar mais: 

Um grande número se entrega a trabalhos esfalfantes durante o ano para economizar e realizar o seu sonho de férias.
Labora até a exaustão, assume compromissos para pagar depois, a expensas de juros escorchantes no resgate penoso, a fim de gozar hoje.
— Jesus e Atualidade, capítulo 16, Joanna de Ângelis por psicografia de Divaldo Franco.

Se comentamos sobre as facilidades para viajar, as vantagens, muitas vezes tudo são apenas palavras.

Continua ainda:

Com raras exceções, as viagens são penosas e as excursões exaustivas. Pouco repouso e muito incômodo. As alegrias e entusiasmos do começo emurchecem à medida que passam os dias, substituídos pelo sono irregular, pelas indisposições, pelas horas intérminas de espera em hotéis abarrotados, com serviços deficientes e outros percalços.
A propaganda bem apresentada fala da excelência de tudo, que a realidade demonstra não ser verdade.
— Jesus e Atualidade, capítulo 16, Joanna de Ângelis por psicografia de Divaldo Franco.

Repouso é fundamental

Será então que estamos aplicando bem o que entendemos por repouso, férias? O descanso, afinal, é fundamental.

O homem necessita, sem dúvida, de férias, de repouso, de espairecimento, que lhe proporciona alegrias e refazimento para prosseguir trabalhando.
— Jesus e Atualidade, capítulo 16, Joanna de Ângelis por psicografia de Divaldo Franco.

Esta escolha, portanto, vem a ser bem pessoal, pois existem formas diferentes de se colocar em repouso. Vejamos o que nos traz O Livro dos Espíritos, quando Kardec reúne questões sobre a Lei do Trabalho:

676. Por que o trabalho se impõe ao homem?
— Por ser uma conseqüência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.
— O Livro dos Espíritos, questão 676.

E, ainda, no item 682 da mesma obra, vemos sobre o limite do trabalho, o repouso:

682. Sendo o repouso uma necessidade após o trabalho, não é uma lei da natureza?
— Sem dúvida o repouso serve para reparar as forças do corpo. É também necessário para deixar um pouco mais de liberdade à inteligência, que deve elevar-se acima da matéria.
— O Livro dos Espíritos, questão 682.

Muitas formas de repousar

Assim, seguindo o pensamento de Joanna:

O trabalho é lei da vida, tanto quanto o é o repouso. Este, porém, não é paralisação, ociosidade, nem corrida da busca de coisa-nenhuma.
Como repouso entenda-se tranqüilidade interior, recuperação de forças, conquista de otimismo, estar bem com a vida.
Proporcionar-se relaxação, leitura agradável, esporte sadio, convivência com pessoas experientes, joviais, alegres, sem ruídos, viajar em calma para tomar contato com outros lugares, costumes, indivíduos, sem pressa, constituem método eficaz para um bem verdadeiro repouso.
Igualmente, meditar, no próprio lar; orar buscando sintonia com as nascentes do pensamento superior; confraternizar com os sofredores, confortando-os e ajudando-os; asserenar-se, escutando melodias de profundo conteúdo emocional, são recursos valiosos e técnicas de repouso que podem ser aplicados em qualquer lugar, nas horas possíveis.
Basta entrar no quarto, fechar a porta e conversar com Deus, conforme ensinou Jesus ao referir-se à técnica da oração. O quarto é o mundo íntimo e a porta é o acesso ao exterior.
Nesse lugar silencioso ouvirás Deus!
— Jesus e Atualidade, capítulo 16, Joanna de Ângelis por psicografia de Divaldo Franco.

Quando tivermos a oportunidade de repousar, sigamos as orientações da espiritualidade superior. Aproveitemos para:

  • Meditar sobre quem somos, nos descobrir.
  • Conhecer melhor a nós mesmos, em face de novas situações, culturas e ambientes.
  • Identificar o que nos é verdadeiro e indispensável.
  • Reconhecer o que necessitamos para uma vida saudável.
  • Dar menos valor ao que é dispensável e passageiro. 

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

A série Jesus e Atualidade foi abordada em outras publicações de nosso blog, que podem ser acessadas nos seguintes links:

*Colaborou para esta publicação: Magda do Carmo Gonçalves.

**Imagem em destaque via freepick.com

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