Doenças da Alma

As doenças da alma são um apelo para que nos equilibremos perante nossa consciência. Somente no processo de reeducação da alma é que se pode superar as dores.

Em palestra proferida na Associação Espírita Fé e Caridade em 22 de março de 2021, sobre as doenças da alma, a expositora Maria Thereza comenta que é preciso “olhar carinhosamente para nossa alma” e começar a nos sentirmos como Espíritos eternos que somos, na conquista do Reino de Deus.

No livro Caminho, Verdade e Vida, o benfeitor Emmanuel, pela psicografia de Francisco Candido Xavier, discorre sobre a relação entre as doenças materiais e as doenças da alma:

De modo geral, quando encarnados no mundo físico, apenas enxergamos os aleijados do corpo, os que perderam o equilíbrio corporal. Não possuímos suficiente visão para identificar os doentes do espírito, os coxos do pensamento, os aniquilados de coração. esmagadora maioria de pessoas se constituem de almas paralíticas, no que se refere à virtude, raros homens conhecem a desarmonia de saúde espiritual que lhes diz respeito, conscientes de suas necessidades incontestes. — Emmanuel, em Caminho, Verdade e Vida.

Enfermidades do corpo e doenças da alma

Jesus revelou que “não são os que gozam saúde que precisam de médico”, conforme Mateus, 9.12. E Emmanuel na mensagem Ante o Divino Médico, no Livro da Esperança, nos revela:

Sim, somos Espíritos enfermos com ficha especificada nos gabinetes de tratamento, instalados nas Esferas Superiores, dos quais instrutores e benfeitores da Vida Maior nos acompanham e analisam ações e reações, mas é preciso considerar que o facultativo, mesmo sendo Nosso Senhor Jesus Cristo, não pode salvar o doente e nem auxiliá-lo de todo, se o doente persiste em fugir do remédio. – Emmanuel em Livro da esperança, Ante o Divino Médico.

Allan Kardec em O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo 28, item 77, ensina que:

As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germes malsãos, às vezes hereditários. Nos mundos mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões. Temos, assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais; se, porém, mau grado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males.
Se Deus não houvesse querido que os sofrimentos corporais se dissipassem ou abrandassem em certos casos, não houvera posto ao nosso alcance meios de cura. A esse respeito, a sua solicitude, em conformidade com o instinto de conservação, indica que é dever nosso procurar esses meios e aplicá-los. A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece.

Sofrimento e doenças da alma

Joanna de Ângelis afirma que todo sofrimento é considerado uma doença da alma.

A conduta moral e mental dos homens, quando cultivas as emoções da irritabilidade, do ódio, do ciúme, do rancor, das dissipações, impregna o organismo, o sistema nervoso, com vibrações deletérias que bloqueiam áreas por onde se espraia a energia saudável, abrindo campo para a instalação das enfermidades, graças à proliferação dos agentes viróticos degenerativos que ali se instalam.
Quase sempre as terapias tradicionais removem os sintomas sem alcançarem as causas profundas das enfermidades.
A cura sempre provém da força da própria vida, quando canaliza corretamente.
As tensões físicas, mentais e emocionais são, igualmente, responsáveis pelas doenças – sofrimento que gera sofrimento.
O homem, desde as suas origens sociais, aprende a ter medo, a conservar mágoas, a desequilibrar-se por acontecimentos de somenos importância, desarticulando o seu sistema energético. Passa de um aborrecimento para outro, cultivando vírus emocionais que facultam a instalação dos outros, degenerativos, responsáveis pelo agravamento das suas doenças.
Os condicionamentos, as ideias pessimistas, as crenças absurdas, as ações vexatórias são responsáveis pelas tensões que levam à desarmonia.
Evitando essas cargas, o sistema energético-imunológico liberará de doenças o indivíduo, e a sua vida mudará, passando a melhorar o seu estado de saúde.
As causas profundas das doenças, portanto, estão no indivíduo mesmo, que se deve auto-examinar, autoconhecer-se a fim de liberar-se desse tipo de sofrimento. — Joanna de Ângelis no livro Plenitude.

Segundo Emmanuel, quando o Espírito que se prepara para reencarnar e já possui alguma maturidade espiritual e moral, capaz de resolver questões ao próprio destino, passa a escolher as provações que irá enfrentar.

Convictos de que o Espírito escolhe as provações que experimentará na Terra, quando se mostre na posição moral de resolver quanto ao próprio destino, é justo recordar que a criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações. — Emmanuel em Religião dos Espíritos, Doenças Escolhidas.

Doenças da alma como convite à evolução

A expositora Maria Thereza estabelece que a saúde do ser humano guarda real conexão com o Criador. A doença ocorre, portanto, quando falta essa conexão. Importa conhecer Deus, promover nosso retorno aos Braços do Pai.

A doença é um convite do corpo, manifestando um apelo para que nos equilibremos perante nossa consciência. Somente no processo de reeducação da alma é que se pode superar as dores e se resguardar das agressões. Sabemos que a prática do bem é simples dever e também o único antídoto eficiente contra o império do mal em nós mesmos.

A expositora nos aconselha o exercício da compaixão, como forma amorosa de educar nossos sentimentos e a nossa visão, em relação às nossas e às dores do próximo. Na mensagem Acidentados da Alma, que consta no livro Estude e Viva, o benfeitor Emmanuel estabelece um roteiro de ações capazes de nos auxiliar nesse exercício.

Compadeces-te dos caídos em moléstia ou desastre, que apresentam no corpo comovedoras mutilações.
Inclina-te, porém, com igual compaixão para aqueles outros que comparecem, diante de ti, por acidentados da alma, cujas lesões dolorosas não aparecem. Além da posição de necessitados, pelas chagas ocultas de que são portadores, quase sempre se mostram na feição de companheiros menos atrativos e desejáveis.
Surgem pessoalmente bem-postos, estadeando exigências ou formulando complicações, no entanto bastas vezes trazem o coração sob provas difíceis;
espancam-te a sensibilidade com palavras ferinas, contudo, em vários lances da experiência, são feixes de nervos destrambelhados que a doença consome;
revelam-se na condição de amigos, supostos ingratos, que nos deixam em abandono, nas horas de crise, mas, em muitos casos, são enfermos de espírito, que se enviscam, inconscientes, nas tramas da obsessão;
acolhem-te o carinho com manifestações de aspereza, todavia, estarão provavelmente agitados pelo fogo do desespero, lembrando árvores benfeitoras quando a praga as dizima;
são delinquentes e constrangem-te a profundo desgosto, pelo comportamento incorreto;
no entanto, em múltiplas circunstâncias, são almas nobres tombadas em tentação, para as quais já existe bastante angústia na cabeça atormentada que o remorso atenaza e a dor suplicia…
Não te digo que aproves o mal, sob a alegação de resguardar a bondade. A retificação permanece na ordem e na segurança da vida, tanto quanto vige o remédio na defesa e sustentação da saúde.  Age, porém, diante dos acidentados da alma, com a prudência e a piedade do enfermeiro que socorre a contusão, sem alargar a ferida.
Restaurar sem destruir. Emendar sem proscrever. Não ignorar que os irmãos transviados se encontram encarcerados em labirintos de sombra, sendo necessário garantir-lhes uma saída adequada. — Emmanuel em Estude e Viva.

A literatura espírita é farta em esclarecimentos, consolações e orientações, para os que já estão despertos para a importância do amor, como único caminho para a cura das dores da alma, não existe outro antídoto senão o amor, nas mais diversas variações, tais como: piedade, compaixão, perdão, indulgência, tolerância.

Deus nos permite a convivência com os acidentados da alma, não para observar as fraquezas, emitir reprimendas, humilhações, aumentando-lhes as feridas e as dores, mas para nos darmos as mãos em atitudes fraternas. A queda de nosso irmão hoje, poderá ser a nossa amanhã.

Mais uma vez, é o benfeitor Emmanuel no livro Seara dos Médiuns, em mensagem intitulada “Em Louvor da Esperança” quem vem trazer preciosas orientações:

Embora assinales o companheiro nas últimas raias da resistência, não lhe profetizes a queda.
É possível que, abraçando a ilusão, tenha ele provocado as imensas dificuldades que lhe supliciam a alma e, rendendo-se, inerme, às sugestões do vício, é provável haja apressado à decadência orgânica que o obriga a estugar o passo, na direção do sepulcro.
Entretanto, o Senhor te permite sondar-lhe as chagas e anotar-lhe as fraquezas, não para que lhe arrojes brasa às feridas, nem para que lhe esmagues a armadura dos ossos.
Problema pede solução.
Fogueira não espera petróleo para extinguir-se.
Em tudo o que se refira a desalento e terror, recorda o carinho com que te desvelas à cabeceira de um filho desajustado.
Agradeces, de coração enternecido, aos que lhe ofertem a gota de remédio ou a leve migalha de reconforto.
Se isso acontece entre os limites de nossa ternura estreita, que não fará por nós o Infinito Amor, imensuravelmente acima de toda a compreensão humana?
Mesmo que amigos desencarnados te induzam a desencorajar os irmãos doentes ou transviados, não profiras sentença que desanime; porquanto, cada dia, a Natureza, em nome do Criador, renova a esperança de todas as criaturas.
Nuvens anunciam fontes cadentes para a secura do solo.
Árvores prometem frutos à fome do viajor.
Escolas acenam à educação.
Hospitais referem-se à cura.
Não te faças portador das mensagens de pessimismo.
A Terra já possui legiões enormes para a força do mal.
Sê a palavra que reconforte e auxilie.
Ainda que te encontres diante daqueles que se mostram nas vascas da agonia, fala em esperança e não lhes vaticines o mergulho na morte, porque Deus é também misericórdia e a misericórdia de Deus poderá desmentir-te.
Lázaro, enfaixado no túmulo, era alguém com atestado de óbito indiscutível, mas Jesus chamou-o a mais amplo aproveitamento das horas, e Lázaro reviveu.

Acompanhe abaixo a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Marli Fragoso.

*Crédito da imagem em destaque: Viktoria Goda via Pexels.

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