Em palestra na doutrinária de terça-feira na Associação Espírita Fé e Caridade, a trabalhadora da casa Maria Thereza Carreço de Oliveira nos trouxe uma reflexão sobre o sentido espiritual do Advento. No período que antecede o Natal, muitos corações se abrem de forma mais sensível à renovação espiritual.
Embora a tradição do Advento pertença ao calendário cristão histórico, a palestrante nos convida a olhar para esse conceito sob a luz da Doutrina Espírita: um tempo de despertar, de preparo íntimo e de vigilância afetiva, em que cada espírito é chamado a reorganizar o coração para que o Cristo renasça, não em uma data, mas em nós.
Com base na exposição oferecida na Casa Espírita, esta publicação reflete sobre o sentido espiritual do Advento como esperança ativa, transformação moral e sintonia com o Divino.
O Advento como convite ao despertar
A palestrante recordou as palavras de Paulo:
E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.
— Romanos 13:11
Paulo não falava apenas aos cristãos do passado, mas dirige-se diretamente a nós, espíritos em processo de amadurecimento. Se já possuímos conhecimentos que antes não tínhamos, então estamos “mais perto de nossa salvação”, isto é, mais aptos a assimilar Jesus em profundidade.
Despertar, portanto, significa:
- viver com consciência,
- viver de forma digna,
- abandonar viciações e atitudes que ferem,
- não dar espaço aos arrastamentos negativos,
- perceber quando é hora de mudar comportamentos.
A palestrante enfatiza: mudar comportamento não basta. É preciso modificar o espírito que somos. A verdadeira transformação moral acontece quando deixamos de agir mecanicamente e passamos a sentir o divino dentro de nós.
Esperança: o Cristo renascendo no coração
O Advento, visto como tempo de espera, é também tempo de preparação do coração.
Mesmo reconhecendo nossas bagunças íntimas, ela nos convida a perguntar sinceramente:
- Como estou levando a vida?
- O que estou nutrindo no pensamento?
- Meu coração precisa de limpeza?
Usando uma imagem muito tocante, ela compara o coração a um estábulo:
“Às vezes, o estábulo do coração precisa de uma limpezazinha para a manjedoura se fixar melhor.”
Essa preparação é a verdadeira esperança espírita:
o movimento íntimo que permite que o Cristo volte a nascer não no calendário, mas em nossa consciência desperta.
Vulnerabilidade humana e vigilância espiritual
A palestrante também apresentou um diagnóstico da Terra atual: um mundo dividido, conflituoso, atravessado por desequilíbrios morais e forças perturbadoras.
Mas, longe de dramatizar, ela esclarece:
“Não precisamos nos impressionar. Estamos vivendo um período de transição — nada estranho a mundos que passam pela mesma experiência.”
O cuidado maior, segundo Maria Thereza, está na vibração semelhante. Recebemos continuamente impressões boas e ruins; é nossa sintonia que determina qual delas acolhemos.
Por isso:
- Orai… mas também vigiai muito.
- Fortalecei o bem nos pensamentos, sentimentos e atitudes.
E retoma a pergunta-chave:
“De que lado desejo estar? Com quem quero construir meu futuro espiritual?”
O reino interior e as “torres de transmissão”
Maria Thereza compara Deus e Jesus a uma grande usina espiritual, cujas energias chegam até nós através das “torres de transmissão do pensamento”.
A pergunta decisiva é:
“Estamos sintonizados?”
Pois de nossa sintonia depende tanto o que recebemos quanto o que transmitimos ao mundo.
O Advento de Natal, então, é também afinação de frequência.
É acolher a presença divina que sempre esteve disponível — mas que só percebemos quando estamos acordados espiritualmente.
A esperança que trabalha
O Advento não é um “tempo de esperar sentado”, mas de esperar agindo, com esperança ativa.
A esperança espírita, segundo a palestrante:
- nutre a vigilância,
- inspira a moralização dos sentimentos,
- organiza o coração para a chegada do Cristo,
- transforma tristeza em energia de trabalho interior,
- e nos convida a oferecer algo mais concreto que um presente material.
Ela afirma:
“Posso dizer a Jesus que continuo aguardando por Ele… mas quero oferecer algo mais concreto espiritualmente.”
Esse “algo” é nossa reforma moral, nossa vigilância, nossas escolhas cotidianas, nosso esforço sincero.
Que tipo de dia eu estou construindo?
A palestra se encerra com uma pergunta que resume todo o sentido do Advento:
“Dias melhores virão… mas quem faz esses dias?”
É na consciência diária, na vigília amorosa, nas pequenas conquistas íntimas que o Advento se realiza como tempo de esperança, tempo de despertar e tempo de transformação moral.
E ela conclui com serenidade:
“Jesus está presente. Mas este tempo de espera é, talvez, a esperança de continuarmos trabalhando a nós mesmos.”
Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:
*Colaborou para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.
** Imagem em destaque via DALL.E do ChatGPT.