Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a trabalhadora da casa Emilia Chagas trouxe o tema a Regra de Ouro. Em sua simplicidade e profundidade, esta orientação de Jesus permanece como um dos maiores pilares morais da humanidade.
“Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós.”
— Evangelho de Mateus 7:12
Mais do que uma diretriz de convivência, é um caminho espiritual que nos conduz à verdadeira felicidade.
A Regra Áurea antes de Jesus
Muito antes da vinda do Cristo, diversos povos já haviam recebido essa lição em formas semelhantes:
- Gregos: “Não façais ao próximo o que não desejais receber dele.”
- Persas: “Fazei como quereis que se vos faça.”
- Chineses: “O que não desejais para vós, não façais a outrem.”
- Egípcios: “Deixai passar aquele que fez aos outros o que desejava para si.”
- Hebreus: “O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo.”
- Romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo.”
Contudo, conforme destaca Emmanuel, no capítulo 41 da obra Caminho, Verdade e Vida, com Jesus essa regra não foi apenas ensinada, mas vivida em plenitude, nas praças públicas e nos gestos de renúncia e compaixão, servindo de modelo para todos os tempos.
Fazer o bem é dever, não opção
No Livro dos Espíritos, na questão 642, Kardec pergunta se basta não fazer o mal para agradar a Deus. A resposta é clara:
“Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.”
A Regra de Ouro, portanto, não é passiva. Ela exige ação, presença, decisão, movimento. Fazer o bem não deve depender da mudança do outro, mas do esforço próprio. É um caminho de dentro para fora, que começa agora, no presente.
Felicidade: mais do que prazer ou alegria
Vivemos em uma cultura que muitas vezes confunde felicidade com sensações passageiras, como prazer ou momentos de alegria. Mas a felicidade, segundo a visão espírita, é mais do que isso.
“Não basta sofrer. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração.”
— Emmanuel, Vinha de Luz, cap. 80
- Prazer é uma reação biofisiológica, como ao comer um bom alimento.
- Alegria é uma emoção, um estado psicológico, e pode estar presente mesmo nas adversidades.
- Felicidade, por sua vez, é um estado de espírito contínuo, construído com entrega, sentido, amor e sintonia com o bem.
Tadeu e a receita da felicidade
No livro Jesus no Lar, do espírito Neio Lúcio, encontramos uma passagem comovente em que o apóstolo Tadeu, inflamado em seu discurso contra as injustiças, expressa o desejo de ser compreendido e respeitado.
Jesus, com ternura, mostra que a felicidade não depende do comportamento alheio. Ao contrário:
“A receita da felicidade começa em ti.”
Essa lição nos recorda que a felicidade não é reativa, mas ativa. É um exercício unilateral do bem — sem exigência de reconhecimento ou retribuição.
O esforço de ser feliz
Em seu comentário sobre Jesus no Lar, André Siqueira, no podcast homônimo da Federação Espírita Brasileira, lembra que a felicidade é mais parecida com um processo do que com um ponto de chegada. Estudos da psicologia positiva mostram que o “estado de felicidade” se aproxima da sensação de estar inteiro em algo: como o artista que se entrega à sua arte e esquece até o tempo passar.
Na visão espírita, essa entrega está conectada ao espírito e à sua ligação com o Criador. Felicidade é conquista íntima, fruto de esforço, vigília, oração e caridade. Não é algo que “vem depois da morte” — é para ser desenvolvida desde já, como espíritos encarnados que somos.
Sensores da alma: prece e vigilância
Como os carros modernos que possuem sensores, precisamos cultivar sensores espirituais. O primeiro ato de cada dia pode ser a prece, seguido do vigiai.
“A confiança no Poder Divino é a base do júbilo cristão.”
— Obreiros da Vida Eterna, André Luiz
Dominar os pensamentos, exercitar o amor, vigiar as tendências — tudo é treino. E a Regra de Ouro pode ser nosso parâmetro diário: estou pensando, sentindo e agindo da forma como gostaria de ser tratado?
Conclusão: o chamado à construção interior
A felicidade é resultado de um processo espiritual contínuo, que envolve:
- A prática consciente da Regra de Ouro
- A renúncia ao egoísmo
- O serviço ao próximo
- A sintonia com o bem
- A entrega confiante ao amor de Deus
“A regra geral da felicidade foi dada por Jesus, exemplificada com abnegação e eternamente válida para todas as culturas e tempos.”
Vivamos, pois, como quem deseja a felicidade que vem do alto — e começa no agora.
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*Imagem em destaque via DALL.E do ChatGPT.