Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a trabalhadora da casa Julia Fertig refletiu sobre o tema “Esperança e Jesus”. A proposta nos convida a olhar a vida de forma mais alegre e junto de Jesus.
Muitas vezes, sentimos que projetos, objetivos e até mesmo nossa saúde foram levados para bem longe, sem qualquer possibilidade de alcançá-los. É como se o outono da existência secasse as nossas esperanças, enquanto o vento forte do inverno varresse de nossas mãos todos os sonhos.
Nos sentimos perdidos, sem saber que rumo tomar. Como uma árvore ressecada, sem folhas, sem brilho e sem motivo para continuar, somos tomados pela desesperança.
Mas, de repente, assim como acontece com a própria natureza, a primavera chega e transforma toda a paisagem. Árvores secas se enchem de flores, e tudo à nossa volta volta a sorrir: as flores desabrocham, as borboletas voam, os pássaros cantam, e tudo se torna vida. Aquilo que antes era acinzentado cede lugar a mil cores, reacendendo em nós um sentimento precioso: a esperança.
E é sobre a esperança que iremos refletir a seguir.
O que é esperança?
Emmanuel, na obra Livro da Esperança e Luz, nos ensina que a esperança “é a força de compreender e de esperar”. Não um esperar passivo, sem agir. Mas sim, “persistir sem cansaço”, com uma força ativa que confia e trabalha porque compreende.
Imaginemos assim: Estamos em uma rodovia com nosso carro, o qual tem a luz do farol ligada. A estrada está ruim, esburacada, com lama e cheia de curvas. Além disso, está chovendo muito. Para lá adiante vislumbramos uma estrada melhor, iluminada, ensolarada e com flores. Nós queremos ir até lá, mas de repente a luz do nosso farol se apaga e tudo vira escuridão. A estrada ensolarada continua lá, a diferença é que agora não conseguimos mais enxergar.
A esperança é a luz do farol, sem ela não exergamos mais as coisas boas que nos rodeiam, mesmo que as mesmas coisas permaneçam lá, nos esperando para alcançá-las.
Quando a esperança se apaga: os 4 inimigos
A esperança pode se enfraquecer diante de quatro inimigos principais.
O primeiro é a presunção, que nos leva a confiar apenas em nossas próprias forças, esquecendo-nos do auxílio divino, acreditando que somos capazes de lidar sozinhos com tudo.
O segundo é o desânimo, que muitas vezes chega de forma silenciosa e quando percebemos, tomou conta de nós. O problema do desânimo é que nos faz pensar que por não estar praticando o mal, não tem problema. Mas também não produzimos o bem. Torna a vida morna, sem propósito, onde qualquer coisa parece servir.
O terceiro inimigo é o pessimismo, que se expressa em frases como: “Não consigo, não aguento, não vai dar certo.” Não significa que devemos ser ingênuos e fingir que está tudo bem quando não está. Mas é preciso lembrar que toda situação está em constante transformação.
E, por fim, o desespero, que nos leva a duvidar da bondade de Deus. Nesse estado, fechamo-nos ao amparo do amor, impedindo que ele chegue até nós. Enquanto o desespero se centraliza em si mesmo, a esperança se centraliza em Deus, no que Ele pode realizar por nós. Somos limitados, mas Deus não é.
Como conquistar a esperança
Hebreus 6:19 nos lembra que “a esperança é a âncora da alma, firme e segura”.
Assim como uma âncora mantém o barco estável, a esperança nos sustenta quando as correntes da vida sopram contra nós. Porém, se a âncora é lançada em solo frágil, não se firma. Da mesma forma, precisamos preparar o terreno do nosso coração para que a esperança se estabeleça em nossas vidas.
Esse preparo se dá de várias formas.
Em primeiro lugar, com a confiança em Deus e em Sua justiça. Que podemos traduzir como Fé. A esperança é ativa: exige movimento, mas também a certeza de que não caminhamos sozinhos.
Depois, pela certeza da imortalidade da alma, que nos permite enxergar a vida sob uma perspectiva espiritual. Jesus nos socorre diariamente lembrando-nos da imortalidade, da reencarnação e da vida após a morte.
Outro pilar é a oração, que muda a vibração do nosso pensamento e nos torna receptivos à ajuda espiritual. Mesmo que não possuamos o que desejamos, devemos agradecer pelo que já está ao nosso alcance.
Também o trabalho nos fortalece, pois Deus age através do próximo, levando-nos a estender a mão e servir, curando, assim, nossas próprias dores.
E, acima de tudo, o amor, que é a expressão maior da esperança. É como estar em alto-mar, enfrentando ondas e tempestades, com um barco às vezes até furado… e, ainda assim, recordar: isso também vai passar.
Como cultivar a esperança
Podemos conquistar a esperança, mas as vezes não conseguimos mantê-la acesa em nossos corações. Precisamos cultivá-la. Um texto do site Momento Espírita da Federação Espírita do Paraná, nos esclarece sobre isso:
“Mas não se habitue apenas a aguardar que a esperança venha gratuitamente se aninhar no seu coração. Abra as portas da alma para ela!
Para isso, é necessário educar o coração.
A esperança é como um visitante importante. Devemos nos preparar adequadamente para recebê-la. A primeira atitude é retirar a poeira do pessimismo.
Depois, varrer as sujeiras acumuladas pela mágoa. Essas sujeirinhas têm vários nomes: rancor, maledicência, desejo de vingança.
Em seguida, com a casa mental bem limpa, é hora de perfumá-la com bons pensamentos, sorrisos, serenidade e otimismo.
Então, quando menos se espera, eis que chega a esperança. Viaja em uma carruagem dourada, espalha flores pelo caminho e se instala no Espírito fazendo festa.
É uma presença tão forte, tão bela, que transforma de imediato o ambiente em que se hospeda. Enche a alma de coragem e de alegria.
Esperança é um sol que nasce após uma longa noite escura. Chega trazendo calor e a luz dourada de um dia cheio de boas realizações. Ela aponta, firme, para um futuro radioso. Basta recebê-la.“
Jesus é a esperança em nossas vidas
Jesus nos disse “aquele que me segue não anda em trevas”.
E se nos perguntarmos quais passagens de Cristo falam de esperança, nos depararemos com a resposta de que toda a Sua mensagem é de esperança. Desde a primeira palavra da Boa Nova até a última são palavras de esperança.
No livro da Esperança, Emmanuel elucida sobre o Cristo:
“Mestre, repete a mesma lição milhares de vezes;
Orientador, nos da serviço e nos mostra o rumo certo;
Amigo, entende os nossos defeitos, sem nos deixar desamparados;
Companheiro, caminha conosco, multiplicando as nossas alegrias, enxugando as nossas lágrimas.”
Conclusão
Se quisermos viver com esperança, precisamos permitir que ela invada nossa alma, confiantes em Deus que sempre nos oferece novas oportunidades para refazermos caminhos e experiências.
Esperança alegre, paciência incansável e coração persistente – esses devem ser nossos remédios diários.
Vamos optar pela vida, por realizar o melhor, por seguir adiante e por não nos deixar abater. A promessa é clara: dias melhores virão. Se não for amanhã, será depois. Se não nesta semana, será na próxima. E se não nesta vida, será na eternidade. E essa promessa vem de Jesus.
Vamos viver com alegria, porque viver com alegria é viver com esperança.
** Imagem em destaque via Gemini.