Somos o outro do outro
Queridos irmãos e irmãs, convido-os inicialmente a fazer um pequeno exercício de recordação ou conscientização, porque às vezes nós podemos pensar que não precisamos de ninguém, que somos independentes, mas será que isso é verdadeiro?
Vejamos:
Nós reencarnamos através do corpo do outro.
Somos recebidos, no momento do nascimento, pelas mãos do outro.
O nosso nome foi dado pelos outros.
A nossa educação é dada pelos outros.
O primeiro banho nos é dado pelo outro.
Recebemos o primeiro alimento, do outro.
Nosso último banho será dado pelo outro.
O dinheiro que temos recebemos do outro.
A roupa que vestimos foi feita pelo outro.
Quando ficamos doentes somos cuidados pelo outro.
Portanto, todos nós precisamos uns dos outros, e, no final das contas, compreendemos que cada um de nós é o outro do outro.
Obrigada a você, por ser também o meu “outro”!
Esse reconhecimento da interdependência nos leva naturalmente a refletir sobre como cultivamos nossos laços com o próximo. E é nesse ponto que a mensagem do Cristo se mostra ainda mais atual e necessária.
O ensinamento de Jesus
A partir dessa reflexão, vamos recordar uma das lições mais belas e profundas deixadas por Jesus:
“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”
— Evangelho, Novo Testamento, João, 13:34.
Essa recomendação, embora simples nas palavras, é um convite à transformação interior. Amar como Jesus amou é mais do que sentir afeição – é agir com bondade, perdoar com sinceridade, ouvir com paciência, e ajudar com humildade.
Mas como colocar esse amor em prática no cotidiano, e onde começar a vivê-lo com mais intensidade?
Começando pelo lar
Esse amor ensinado por Jesus deve florescer primeiro onde estamos mais próximos: no lar.
No convívio diário com nossos familiares, enfrentamos desafios que nos pedem esforço, tolerância e compreensão. Às vezes, é na diferença de opiniões, nos pequenos desentendimentos ou nas rotinas cansativas que se escondem as maiores oportunidades de amar de verdade.
Para nós adultos, o amor precisa ser exemplo. Que nossas atitudes ensinem mais do que nossos conselhos. Que nossos filhos, netos e sobrinhos aprendam o Evangelho observando nosso modo de tratar o outro.
Aos jovens, o Espiritismo lembra: amar é também respeitar o tempo do outro, aceitar as diferenças e escolher o bem, mesmo quando o mundo insiste em mostrar caminhos contrários.
E para as crianças, o amor começa nas coisas simples: dividir um brinquedo, ajudar o coleguinha, aprender a dizer “por favor”, “obrigado” e “desculpe”. Cada pequeno gesto é uma semente de luz.
Em todas as fases da vida, o amor se apresenta como o recurso essencial para o aprimoramento espiritual. Todos nós somos Espíritos em evolução, caminhando lado a lado, crescendo juntos. O amor é o elo que nos une e nos conduz ao progresso moral. Quando Jesus nos pede para nos amarmos, Ele nos convida a viver em harmonia, como verdadeiros irmãos de alma.
Luz de Emmanuel sobre o Evangelho
Para reforçar essa compreensão, encontramos ensinamentos valiosos nas obras da literatura espírita. Emmanuel, por exemplo, nos oferece uma leitura profunda sobre o versículo de João.
O embasamento para essa breve reflexão encontramos no comentário de Emmanuel sobre esse versículo de João, presente no livro “Convivência” e no livro “O Evangelho por Emmanuel – Comentários ao Evangelho de João”, que diz o seguinte:
A caridade é a base da paz no relacionamento humano.
A convivência feliz pede apoio e compreensão.
Por vezes, é possível que os outros necessitem de nós, mas não podemos esquecer que todos nós necessitamos igualmente dos outros.Auxilia aos vizinhos para que os vizinhos te auxiliem.
O próximo é a ponte capaz de escorar-nos na travessia das dificuldades.
Não fujas à prestação de serviços que a outrem consigas oferecer.
Esquece possíveis ofensas alheias, reconhecendo os nossos próprios erros.
Fala criando otimismo e paz. Não te queixes de ninguém. Trabalha e serve sempre.Decerto, pensando na importância da Caridade nos mecanismos de nossas relações recíprocas, é que Jesus nos legou a observação inesquecível: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
– Livro Convivência, capítulo 20, Caridade e Convivência.
Um compromisso espiritual
Que em nossos lares e em nossos corações, possamos renovar esse compromisso:
Amar como Jesus amou. Com coragem, com doçura, com verdade.
E que esse amor, vivido no seio da família, se estenda ao mundo, levando a paz que tanto desejamos construir.
Muita luz, muita paz.
*Colaborou para esta publicação: Marlete Siqueira.
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