Sintonia e Mediunidade

Subamos aos cimos da virtude e do conhecimento, e a mediunidade, na condição de serviço de sintonia com o Plano Divino, se elevará conosco.

A mediunidade sempre esteve presente através dos tempos na história da Humanidade. A faculdade mediúnica acompanha a vida humana. Desde que o homem existe, os Espíritos estão prontos a se comunicar com ele. Porquanto, desde sempre, é regida pela lei de sintonia.

“Nunca nos cansaremos de repetir que mediunidade é sintonia.”
— livro Palavras de Chico Xavier, item 8.

Assim, como a base do fenômeno mediúnico é a sintonia espiritual, vamos entender como a mesma influencia na mediunidade. Seja essa mediunidade ostensiva, seja na nossa vida. Uma vez que todos somos, mais ou menos, médiuns (ver item 159 de O Livro dos Médiuns).

Energia

Primeiro vamos entender alguns conceitos básicos para auxiliar no entendimento do que é sintonia.

Tudo é energia no Universo, que se manifesta de duas formas:

  • Matéria: é energia condensada em uma baixa vibração. Os átomos e moléculas vibram produzindo diferentes densidades de energia eletromagnética. Se comportam como ondas numa faixa tão densa, que ocupam lugar no espaço, ou seja, são ponderáveis para nós.
    Albert Einstein comprovou a equivalência entre matéria e energia, com a Teoria da Relatividade.
  • Ondas eletromagnéticas: é energia em uma forma mais rarefeita, as ondas eletromagnéticas não transportam matéria (pelo menos não perceptível para nós) e se propagam no espaço (com a velocidade da luz no vácuo).

A luz é uma onda eletromagnética e apresenta a dualidade onda-partícula. A forma como a energia se expressa, seja em forma de onda, seja em forma de partícula, está relacionada à forma como ela é observada.

Assim, tudo na Criação Divina é energia eletromagnética. A eletricidade é energia dinâmica, e o magnetismo é energia estacionária (livro Pensamento e Vida).

Ondas mentais

As ondas mentais também são eletromagnéticas, só que menos ponderáveis na esfera física. Essas ondas eletromagnéticas são produzidas na nossa mente que, em qualquer plano, emite e recebe ondas.

As características principais de uma onda eletromagnética são:

  • Comprimento: distância entre dois pontos da onda, picos ou vales;
  • Amplitude: intensidade, magnitude dessa oscilação;
  • Frequência: número de oscilações por tempo.

Abaixo temos o espectro eletromagnético, variando desde as ondas de rádio, de maior comprimento, até os raios Gama, de menor comprimento e maior frequência.

Nesse meio, temos as ondas visíveis, cores. Sendo o violeta de maior frequência, e vermelho menor).

Quanto ↑ maior a Frequência, mais energia está sendo transportada, e maior será a penetrabilidade.

Podemos emitir ondas mentais com frequência alta ou baixa, de acordo com o teor dos pensamentos mais constantes.

O amor desinteressado vibra em alta frequência; o ódio, em baixa frequência. São polos opostos. Quanto mais elevados os pensamentos, em amor, mais alta a frequência.

Pensamentos

Pensamentos são ondas mentais. Vale ressaltar que quem pensa é a alma/ o Espírito, e não o cérebro físico.

Pensar é criar. O pensamento é força criativa, a exteriorizar-se da criatura que o gera, por meio de ondas sutis, em circuitos de ação e reação no tempo, sendo tão mensurável como o fóton que percorre o espaço (livro Pensamento e Vida).

O pensamento é gerador dos infracorpúsculos ou das linhas de força do mundo subatômico, criador de correntes do bem ou mal, grandeza ou decadência, vida ou morte, segundo a vontade que o exterioriza e dirige.
— Roteiro, capítulo 30, Renovação (grifo nosso).

O pensamento é, sem dúvida, força criadora de nossa própria alma e, por isto mesmo, e a continuação de nós mesmos. Através dele, atuamos no meio em que vivemos e agimos, estabelecendo o padrão de nossa influência, no bem ou no mal (livro Libertação).

Afinidade

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
– Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.
O Livro dos Espíritos, parte segunda, capítulo IX, questão 459.

Os Espíritos influenciam nossos pensamentos, a todos nós, mais ou menos médiuns. Só que para isso, deve haver algo muito importante: a AFINIDADE.

Nas leis da química e física, que são a Lei de Deus, existem as forças de interação, de Atração ou Repulsão. Tanto entre as moléculas na química, como na elétrica e magnetismo da física. Como também, nas correntes mentais e padrões vibratórios.

As almas se atraem ou repelem conforme o grau de afinidade.

Quando há afinidade, há semelhança, identidade, conformidade de gostos e interesses, de propósitos e pontos de vista, de sentimentos e pensamentos.

227. […] Ora, os bons tem afinidade com os bons, e os maus com os maus, de onde se segue que a qualidade moral do médium tem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que vão se comunicar por ele.
— O Livro dos Médiuns, segunda parte, capítulo XX, item 227.

Entre o médium e Espírito comunicante precisa haver afinidade: fluídica, moral e intelectual.

Haver Afinidade é uma premissa para que ocorra a Sintonia.

SINTONIA

Tudo no Universo obedece à lei irrevogável da sintonia vibratória.

Sintonizar é estar em contato com onda de mesma frequência. As ondas vibram em consonância, emitindo e recebendo mesma frequência de vibração.

A vibração do nossos pensamentos e sentimentos funcionam como uma estação de rádio, sintonizando diferentes frequências.

Assim, a sintonia é um fenômeno de harmonia psíquica e de sentimentos, funcionando naturalmente à base de vibrações equivalentes.

Nossa frequência gera um padrão vibratório com características específicas. Havendo afinidades com esse padrão, determina com quem teremos sintonia.

Se estabelece em virtude da atração e da simpatia, que passa a vigorar entre as pessoas que mantém afinidade.

Duas pessoas sintonizadas estarão evidentemente, com as mentes perfeitamente entrosadas, havendo entre elas, uma ponte magnética a vinculá-las, imantando-as profundamente. Estarão respirando na mesma faixa, intimamente associadas.

Jesus e Sintonia

Algumas falas do Mestre Jesus nos remetem à sintonia, dentre elas:

“Onde está teu tesouro, aí esta teu coração.” (Mateus, 6:21)

Nossos tesouros são nossos pensamentos, são aquilo que mais desejamos, e consequentemente determinará nossas sintonias.

“Há muitas moradas na casa de meu Pai.” (João, 14:2)

Cada um mora no padrão vibratório e estado evolutivo que escolhe. Cada qual com seu campo mental sintoniza com o que tem dentro de si.

Vontade

O benfeitor espiritual Emmanuel compara nossa mente a um grande escritório, com diversos setores com suas funções específicas. Tem o departamento do desejo, da inteligência, da imaginação e da memória (livro Pensamento e Vida).

Quem gerencia todos esses setores da mente é a VONTADE, ela é quem decide o movimento ou a inércia. É quem decide o rumo, dá a direção, sentido e intensidade para todos os departamentos da mente.

Sem ela, o desejo pode comprar por engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento, a inteligência pode aprisionar-se na criminalidade, a imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a memória pode cair em deplorável relaxamento com sua função de registradora.

Somente a Vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do Espírito.

Campo mental

A alma (psiquê/mente) é quem tem vontade. Emmanuel nos diz que a mente é o reflexo da vida. Esse reflexo esboça emotividade, os sentimentos e emoções, os quais geram ideias, pensamentos a todo momento. Os pensamentos comandam nossas ações sejam em palavras, atitudes à que por sua vez geram reação. Devido à lei natural, de Ação e Reação (no âmbito físico) e lei de Causa e Efeito (no âmbito moral).

A “atmosfera” psíquica que carregamos conosco resulta do nosso pensamento. Somos aquilo que pensamos. — Diálogo com as Sombras, capítulo 2.

Os pensamentos revestidos dos sentimentos geram um campo mental, que atua no perispírito, modificando-lhe as propriedades, revelando-lhe o estágio evolutivo. Projetamos constantemente vibração nas partículas que compõem o períspirito.

Cada atitude mental imprime no campo mental suas características. Da mesma forma que a gradação espiritual é facilmente identificável pela aparência “visual” do Espírito desencarnado.

O campo mental característico de cada um influencia e é influenciado por outros, atua e recebe, interagindo, assim, com ondas de frequência similar. Esse também conhecido como HÁLITO MENTAL, como nos ensina André Luiz.

O homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em grande proporção. Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência.
— livro Roteiro, capítulo 26, Afinidade.

De modo imperceptível, “ingerimos” pensamentos, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.

Circuito mediúnico

Dois tipos de canais servem ao processo da comunicação mediúnica: os condutores, localizados no perispírito do médium, e os expressores, que se situam no seu cérebro físico. Assim, os canais condutores que funcionam como elementos de ligação entre o Espírito do médium e seu corpo físico.

No fenômeno mediúnico, o sistema é aberto. De um lado, os temos receptores dos canais condutores colocados à disposição do Espírito comunicante. Do outro, os terminais do circuito expressor, que converte o conteúdo da mensagem em texto, fala ou outras formas de expressão.

A seguir o passo-passo da formação de um circuito mediúnico:

  1. O Espírito comunicante sonda psiquicamente o médium, avaliando se há afinidade com o padrão vibratório e condição fluídica.
  2. Havendo afinidade, poderá haver sintonia.
  3. O primeiro contato é recebido pelo perispírito do médium através da glândula pineal, que faz a captação extra-sensorial funcional, como uma antena psíquica que sintoniza as ondas de mesma frequência.
    (Glândula pineal: mapeamento espacial da distribuição de energia irradiada)
  4. O médium tem livre-arbítrio para responder a Vontade Apelo, podendo aceitar ou não. Se houver aceitação, há continuidade do processo, senão fica só na afinidade e sintonia.
  5. Aceitando, a vontade passa pelo perispírito do médium para o corpo físico. O centro de força coronário, ligado à pineal, transforma o apelo em estímulo neuroquímico, a corrente mental em corrente nervosa. Sendo direcionada pelos canais condutores para diferentes áreas do cérebro físico, para se manifestar pelos canais expressores, dependendo do Apelo.
    Exemplo: se o Apelo atingir o lobo frontal, se expressará pela fala ou escrita; se for no lobo temporal, se expressa pela audição.

Atendimento aos Espíritos sofredores

No livro “Plantão de respostas” (um compilado de entrevista feita ao médium Chico Xavier, auxiliado pelo Espírito Emmanuel nas respostas) há a seguinte pergunta: 

Dentro da psicografia, se um médium dá passividade constantemente para irmãozinhos sofredores, tristes e chorosos, isso significa que o médium não está com a sintonia elevada?

Resposta: “Todo médium deve estar em equilíbrio para trabalhar num grupo mediúnico. Quando dá manifestações a espíritos sofredores, pode lhes proporcionar alívio e paz. Existem médiuns que têm energias específicas para socorrer espíritos suicidas, muito sofredores; essa é a missão dos médiuns de desobsessão. Não é, portanto, um desequilíbrio.”
— Plantão de Respostas, capítulo Sintonia I.

Em outras palavras, o médium devendo sempre se esforçar para elevar-se moralmente, isto é, ser equilibrado, como poderia sintonizar com Espíritos desequilibrados?

Nas reuniões mediúnicas de atendimento aos Espíritos sofredores, a sintonia entre os médiuns e esses Espíritos é regulada pela equipe espiritual orientadora.

Os Espíritos que conduzem o trabalho mediúnico, do plano espiritual, fazem o trabalho de compensação, nivelando as energias. O médium deve fixar o pensamento no objetivo de auxiliar, e com isso possibilita a conexão. Essas são as energias específicas. A lei divina é de amor e fraternidade.

Com quem sintonizamos?

É da Lei que o Espírito superior venha ao inferior quando queira. Contudo, por sua vez, não é facultado ao inferior se deslocar sem permissão ao superior; por questão vibratória (nível evolutivo) que ainda não conquistou.

Como, em geral, ainda nos encontramos em estágios inferiores da evolução, nos afinamos com maior facilidade com aqueles que também se acham perturbados por desequilíbrios de maior ou menor gravidade (livro Diálogo com as sombras).

Isto não quer dizer, obviamente, que estejamos à inteira mercê dos espíritos perturbados e perturbadores. Velam por nós companheiros de elevada categoria, sempre dispostos a nos ajudar.

Porém, não nos podemos esquecer de que eles não podem fazer por nós as tarefas de que nos incumbem. Nem livrar­-nos das nossas provações, e muito menos coibir os mecanismos do nosso livre-­arbítrio. Podemos, evidentemente, contar com a boa­ vontade e a ajuda desses irmãos maiores, e, por conseguinte, com a sua proteção carinhosa.

Fraternidade e solidariedade

Como seres imperfeitos, temos, de viver com o semelhante, também imperfeito. Não há como fugir de ninguém e isolar-­se. Nosso trabalho é aqui mesmo, com seres como nós mesmos, com as mesmas angústias, inquietações, mazelas e imperfeições.

O que enxerga um pouco mais, ajuda o cego, mas, talvez, este disponha de pernas para caminhar e pode, assim, amparar o cadeirante. E assim vai.

Vivemos num universo inteiramente solidário, no qual uns devem suportar e amparar os outros, ou, na linguagem evangélica: amar-­nos uns aos outros. Não é difícil. É necessário. E como!

Desejo Central

Voltando à importância de conhecer a si mesmo, para saber com quem sintonizamos… podemos modificar o ditado para: “Diz-me quem és, e direi com quem andas.”

Todos nos temos um desejo central, que é o que motiva nossos pensamentos e proporciona as vibrações do espírito. O desejo central pode estar relacionado ao prazer, poder, posse e prestígio, que são forças dentro de nós, como fortes cavalos que nos movem.

Negar essas forças é negar as energias que Deus nos criou, não podemos abafá-las e sim conhecê-las para dominá-las, controlá-las. No sentido de guiar essas forças, dando direção, sentido e intensidade.

Se conhecer fazendo algumas perguntas para si:

  • O que mais me visitou a mente hoje?
  • O que me move?
  • Do que eu me alimento espiritualmente?

Examine seus pensamentos e desejos. Conhecendo minhas fraquezas, meu “calcanhar de Aquiles”, posso entender com quem estou me conectando, sintonizando na mesma frequência.

Se não despertamos para essa consciência maior de nos mesmos, não entendemos o por quê de muitas consequências que nos chegam. Porque, na verdade, é como se os desejos estivessem no nosso controle, quando o condutor perde o controle dos cavalos.

Mas temos que lembrar que acima dos desejos, nos temos a Vontade, da alma, que tudo pode mudar. Ela pode ser a âncora que retém a embarcação no clima ideal, ou pode ser o leme que direciona para novos horizontes de evolução espiritual, de renovação constante.

Vigia e Orai

Exemplos de invigilância mental? Há muitos:

  • o envolvimento numa conversa maledicente;
  • o distraído olhar de cobiça para uma mulher atraente, na rua;
  • uma piada grosseira e pesada;
  • um pensamento de rancor  ou  de revolta, em relação ao  chefe ou  companheiro de trabalho, ou  de inveja, com relação a alguém que se destacou por qualquer motivo; etc…
  • Há milhões de motivos, diante de nós, a cada momento, pois vivemos num mundo transviado. Exatamente porque reflete o transviamento da massa de seres desajustados que vivem na sua psicosfera (livro Diálogo com as Sombras).

A vigilância dispara o sinal de alarme: a prece, a defesa e a correção.

É preciso desenvolver um mecanismo automático interior, que acenda uma luzinha vermelha a qualquer “fuga” ou distração maior. Não quer isto dizer que temos de nos transformar em santos da noite para o dia. Mas significa que devemos policiar-­nos constantemente. Não vamos deixar de ter nossas falhas, mas estaremos prontos para reajustar a mente.

Ao fazer uma investigação constante de nós mesmos, examinar o caminho que estou seguindo, consigo aos poucos tomar o controle, educar os desejos. E transformar essas energias que podem nos conectar com trevas, em ferramentas de sintonia com o Pai celestial.

Aí que está a prece. Nós buscarmos aquietar um pouco o coração, momentos a sós com Deus, para sintonizar com as vibrações superiores do Amor Universal. É a oração que nos dá o suporte e forças para atingir esse equilíbrio.

“A consciência humana adquire domínio sobre as trevas do instinto, controlando a corrente dos desejos e dos impulsos, soerguendo as aspirações da criatura para níveis mais altos.

Os corações despertados para a verdade começam a entender as linhas eternas da justiça e do bem. A voz do Cristo é ouvida sob nova expressão na mais profunda acústica da alma.”
— livro Roteiro, capítulo 30, Renovação.

Subamos aos cimos da virtude e do conhecimento e a mediunidade, na condição de serviço de sintonia com o Plano Divino, se elevará conosco!

Artigo relacionado:

Mediunidade com Jesus: o exemplo de Francisco Cândido Xavier.

Referências bibliográficas:

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Segunda parte, cap. XX.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Segunda parte, cap. IX.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 22.
  • _______. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 26 e 30.
  • _______. Plantão de Respostas. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. Sintonia I.
  • _______. Palavras de Chico Xavier. Pelo Espírito Emmanuel. Item 8.
  • _______. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. Cap. 17.
  • MIRANDA, Hermínio Côrrea de. Diálogo com as Sombras. Teoria e Prática.
  • PASTORINO, Carlos Torres. Técnica da Mediunidade. Cap. Eletrecidade.

*Colaborou para esta publicação: Ana Maria Beims Lopes.

**Imagem em destaque: via Pixabay.com

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