Devemos revidar com violência?

A tolerância que pregamos não é a falta de justiça. É a compreensão da fraqueza humana, um passo para a prática da fraternidade e do amor universal.

Levado por diferentes fatores inerentes ao modo de vida de cada um, aquele que agride chega, não raro, a extremos de violência que procuramos compreender em virtude de sua caminhada de espiritualização ainda muito guiada pelo instinto.

Aquele que opta pela paz talvez seja um pouco mais consciente de sua presença no mundo, talvez tenha um pouco mais de respeito pelo próximo. Já aquele que incide em violência tem tais estados comprometidos em sua trajetória ou ainda não adquiridos — seja pelo desinteresse pela vida, pelas amarguras acumuladas, pela miséria material e moral e tantas outras situações pelos quais passam.

Violência e impunidade

Chocam a opinião pública pela agressividade com que muitas vezes atingem as demais pessoas, extrapolando níveis racionais. Claro que a violência necessita a aplicação da justiça. Não se pode deixar impune o transgressor da ordem social sem o risco de abalar e corroer os seus alicerces.

Mas será que essa justiça, que é necessária dentro dos instrumentos de que dispomos, se torna mais eficaz se optamos pela violência e o revide selvagem com nossas mãos?

Aquele que agride, ainda desvairado, não entendeu o sentido maior da vida mas nós que já percebemos este sentido, será que não nos igualamos à sua baixa vibração espiritual, quando resolvemos revidar-lhe os males que sofremos, na mesma medida?

É comum termos notícias de linchamentos contra suspeitos de ações delinquentes. Por vezes pela própria policia encarregada de resguardar os mesmos para levá-los à prisão. Julgamentos consequentes não conseguem conter o ímpeto das multidões.

O caminho da paz

Escrevendo sobre queremos chamar a atenção das pessoas para a irracionalidade de atitudes como estas. Não é assim que nos cabe consertar os desacertos morais. Os caminhos do exemplo, do amor, dos ensinamentos cristãos, que tem Jesus como Referência ainda são mais eficazes, embora os seus frutos possam amadurecer com mais vagar.

Fazemos parte de grupos de trabalhos em unidades prisionais levando o Evangelho de Jesus através da conversação fundamentada na Doutrina Espírita. Nas oportunidades de conversas e entrevistas sentimos a fragilidade da criatura humana que ataca para chamar atenção, ou para sobreviver ou como um vício inerente ao espírito em desequilíbrio. Em muitos, porém, ainda acesa a chama, embora diminuta, da Presença Divina, traduzida pela vontade da criatura em deixar a vida desregrada. E um grande número consegue vencer a situação mesmo na luta ensandecida do homem contra as próprias inferioridades e chegam a ter um resto de caminhada sadia, recuperando-se.

Não podemos jamais generalizar justiça ou mesmo particulariza-la a título de pôr fim a violência. Se alimentamos o quadro de selvageria com nossos impulsos desgovernados, não chegaremos à  conclusão de um planeta mais regenerado. Estaremos no vai-vem sem fim de um mundo de provas e expiações onde alguém estará sempre reinvidicando o direito de machucar o outro, alegando defesa.

Paz, fraternidade e amor

Examinemos os conhecimentos que já adquirimos e pensemos bem se faz parte dos valores superiores, do homem criado à imagem e semelhança de Deus, o requinte da crueldade, em todos sentidos, inclusive aquele que reinvidica olho por olho, dente por dente.

A tolerância que pregamos não é a falta de justiça. É a compreensão da fraqueza humana, um passo para a prática da fraternidade e, numa segunda dimensão, do amor universal.

O equilíbrio universal começa, justamente, quando forças fundadas no bem conseguem sobrepor-se aos horrores das mentes desvairadas, iluminando-as, pobres que ainda são de espírito.

Linchar pessoas, vingar -se, revidar o mal “para não ficar por baixo” , não acrescenta absolutamente nada ao processo evolutivo. 

A disseminação do bem e o processo de esclarecimento deixam marcas muito mais profundas na educação do espírito.

Acompanhe também o áudio da palestra com o tema “Paz”:

Colaborou para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.
Imagem em destaque via DALL.E do ChatGPT.

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