Sintonia, Mediunidade e Maturidade emocional
Em uma palestra transmitida pelos canais digitais da AEFC, a expositora Patrícia Mendes trouxe o tema sobre “Sintonia, mediunidade e maturidade emocional” e iniciou com uma linda música:
meu pensamento nasce, me expressa e sai de mim
e pela lei da afinidade, atrai e me deixa assim,
se vibro no bem, vem forças do além,
se vibro no mal, etc e tal,
pensar é atrair qualquer entidade, jovem isto é mediunidade,
sou filho de Deus, sou como Jesus, também posso ser Luz,
Ter as forças do além, Jesus médium de Deus e você intermédio de quem?
Jesus médium de Deus e você intermédium de quem? De quem?
— música de André Ramos, Leandro Silva e Naza Feijó.
Essa música foi composta para explicar aos jovens o que é mediunidade. E a mesma já vai nos ajudando a entender o que mediunidade, que é relacionada à afinidade e sintonia.
Os livros da Codificação de Allan Kardec nos dizem que somos espíritos imortais, e que todos nascemos com certo grau de mediunidade. Também podemos encontrar explicações de que a mediunidade é uma faculdade natural, com predisposição orgânica do corpo físico. Bem como, esclarecimentos a respeito dos médiuns e do desenvolvimento das mediunidades.
O cuidado com o pensamento
Enquanto Espíritos eternos, temos pensamentos, vontades, sentimentos; e isso tem uma materialidade, um magnetismo. Então se mediunidade é sintonia, mediunidade também envolve afinidade.
Esse tema é abordado nos trabalhos de tratamento espiritual, para explicar às pessoas que são atendidas como funciona a Lei de Atração. Pois muitas vezes elas ainda não tiveram contato com o Espiritismo, não conhecem sobre mediunidade ou processos obsessivos.
Obsessão e perdão
Apenas uma observação de que os processos obsessivos existem por situações do passado ou do presente. Mas a forma como vamos conduzir os nossos pensamentos hoje, nossas ações e escolhas, onde vamos direcionar a nossa vontade, que vai fazer a diferença.
Podemos encontrar na literatura espírita que devedores todos nós somos. Somos Espíritos necessitados de aprendizado. Necessitados também de realizar em nossos corações o perdão.
Muitas vezes a obsessão decorre da falta de perdão. Seja nas relações com espíritos encarnados ou desencarnados. Assim, podemos não lembrar e não ter consciência disso. Portanto, algumas atitudes nossas nos colocam em sintonia, atraindo esses Espíritos que não nos perdoaram, por exemplo, porque também temos defeitos.
Oportunidade de exemplificar o bem
Outra questão é que se esse Espírito está sempre conosco, o direcionamento da nossa vontade, dos nossos desejos, nos ajuda a fazer escolhas para que esse Espírito também possa aprender. Bem como, a compreensão acerca do que nós pensamos, sentimos e da forma como agimos ajudam-nos a dar o bom exemplo. Se temos a consciência que somos aprendizes, os Espíritos também podem aprender conosco.
É importante que tenhamos a clareza de que, enquanto Espíritos eternos, também realizamos as renovações da nossa alma. Entendendo que pensamento é onda magnética. Pois se eu ficar todo dia reclamando dos desafios que tenho, certamente também estarei atraindo Espíritos que pensam igual, que estão junto para se alimentar e nutrir dessa mesma energia.
Maturidade e Consciência do Pensamento
Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.
— Paulo de Tarso, Novo Testamento, Romanos 7:19.
“O pensar é atrair qualquer entidade, isso é mediunidade”. Os nossos pensamentos atraem forças do nosso coração e forças que estão para além de nós enquanto espíritos reencarnados. Isso, pois estamos imersos em um fluido cósmico Universal, que é uma fonte de energia, de magnetismo. Ao sabermos que atraímos, precisamos olhar para nós, para perceber onde estamos vibrando. O Evangelho nos diz que estamos onde está o nosso coração.
Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal?
– Um sábio da Antiguidade vos disse: “Conhece-te a ti mesmo”.
— O Livro dos Espíritos, livro terceiro, capítulo 12, questão 919.
Joanna de Ângelis nos diz que não adquirimos maturidade na mesma velocidade que desenvolve o nosso corpo físico. Passamos da infância para a juventude, depois vida adulta e para a velhice. Nosso corpo vive um processo de maturação que não implica em evolução. Nosso grau evolutivo depende das experiências, da forma como a gente aprende e se conhece.
Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de chegar a isso?
– Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma. Aquele que todas as noites lembrasse todas as suas ações do dia, e, se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me, Deus o assistirá.
— O Livro dos Espíritos, questão 919-a.
Importante atentarmos para nossa responsabilidade, perceber nossos sentimentos e aprender a controlá-los. Esse controle das emoções não é autoritário, mas sim sem julgamentos, acolhendo e buscando entender o que cada sentimento vem nos trazer.
Sentimento do apego
Joanna também nos traz sobre o sentimento do apego, por sermos Espíritos aprendizes, temos os nossos apegos. Enquanto Espíritos em evolução, não assumimos a responsabilidade da nossa condição. No apego, se é imediatista, queremos agora e do nosso jeito. Porém, o Evangelho nos lembra de que não somos deste mundo.
Sendo assim, precisamos nos responsabilizar pelo uso da nossa vontade, mesmo nos colocando de frente de nossas fragilidades.
Obstáculos da evolução
Qual o maior obstáculo ao progresso?
— O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual duplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Porém esse estado de coisas não durará para sempre; mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe infinitamente maior e infinitamente mais duradoura.”
— O Livro dos Espíritos, questão 785.
O que nos impede de evoluir é nossa imaturidade, colocando a frente nossos desejos pessoais, e não admitindo nossos erros. De acordo com Joanna de Ângelis, está ligado à infância emocional, porque o adulto sabe que comete erros e que tem a possibilidade de reparar.
Devemos caminhar investindo no nosso crecimento pessoal, na reforma interior. Esse processo é intransferível. Não dá para culpar os espíritos, mas agradecê-los e perceber que por vezes estamos na sintonia errada.
Auxiliares da evolução
Enquanto que o interesse pessoal trava nossa evolução, a caridade desinteressada faz deslanchar nosso coração na direção do amor.
Os pensamentos de ódio nos fazem vibrar uma frequência pesada, densa. Os pensamentos de amor, o desejo de fazer o bem, nos fazem vibrar em uma frequência mais elevada.
Entender esse magnetismo na nossa vida, nos faz aprender a ter mais cuidado com a nossa saúde, passamos a ter mais vigilância com os pensamentos e escolhas, com nossas conversas.
Por vezes saímos de conversas mais pesados, mais cansados do que antes dela. Já em outras, nos sentimos leves parecendo ter até mais facilidade ao caminhar. Portanto, vigiai e orai vossos pensamentos e ações.
O Magnetismo
Sabemos que ao descansar o corpo físico, o Espírito não descansa, ele vai onde está a nossas emoções e sentimentos. Quando estamos preocupados, ficamos pensando naquilo a noite toda e esquecemos da prece. Esquecemos da relação com a sintonia e o magnetismo divino. Esse direcionamento pode estar na água fluidificada ou no passe da Casa Espírita.
Mas entender e estudar, não significa que vamos passar pela Terra sem sentir dor, contudo será na medida dos nossos aprendizados, como Jesus nos disse “no mundo tereis aflições, tende bom ânimo” (Jo:16:33).
Como Deus é Bom e quer nosso bem, Ele coloca no nosso caminho amigos, para nos auxiliar nessa sintonia, na vibração do bem. E a maturidade envolve saber pedir, saber falar dos sentimentos. Isso é ser um Espírito que consegue se perceber aprendiz.
No livro Boa Nova, no capítulo que fala sobre Amor e renúncia, Jesus chamava seus discípulos de amigos, porque este era o maior título que ele poderia dar e não há como medir a alegria de servir um amigo.
Acolher melhor as nossas experiências, aprender com as oportunidades, lembrando que a Doutrina Espírita nos dá a oportunidade do trabalho no bem. Olhar muitas vezes para a dor do outro, seguir com o outro também faz sermos melhores com nossas próprias dores. Acolher nossos erros e direcionar ainda mais a nossa vontade, firmar a nossa fé e a certeza que é assim que vamos nos renovar, para um dia sermos anjos.
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- Sintonia e mediunidade https://www.aefc.org.br/sintonia-e-mediunidade/
- Conhecimento de si mesmo https://www.aefc.org.br/conhecimento-de-si-mesmo/
Acompanhe também o áudio da palestra sobre o tema:
Referências:
XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Saúde e de Consciência. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Cap. 7 – Maturidade e Consiência.
** Colaborou para esta publicação: Débora Hemkemeier.
* Imagem em destaque via Pixabay.com