Em palestra para os canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade, Alberto Luz trouxe tema inspirado no capítulo 39 do livro Jesus no Lar. Este livro escrito pelo Espírito Néio Lúcio pela psicografia de Francisco Candido Xavier contém lições apresentadas por Jesus em reuniões realizadas na casa de Simão Pedro. Nesses encontros, que remetem à prática do evangelho no lar, participavam a família do apóstolo, demais discípulos e amigos.
No capítulo em questão, Jesus comenta o tema “tentações”. Conta a história de um valoroso servidor do Pai, que devotava a vida para a fé e trabalhos de caridade, seguindo todos os ensinamentos de Jesus.
As ações de abnegação deste servidor incomodavam os espíritos do mal, que tentavam impedir e dificultar esse trabalho. Mas as tentativas dos espíritos não tinham sucesso. Então os espíritos do mal buscaram ajuda do Gênio das Trevas, que recebeu-os e conversaram para tentar derrubar esse servidor.
Foram trazidas muitas propostas por parte dos espíritos malignos:
- Despojar o servidor de seus bens materiais: o Gênio do Mal recusou a proposta, dizendo que a perda dos materiais não seria nada mais que libertação para este Espírito.
- Castigar ou afastar a família do servidor: o Gênio do Mal recusou a proposta, dizendo que não adiantaria pois o servidor se integraria facilmente à familia total, que é a multidão.
- Flagelar o corpo físico: o Gênio do Mal recusou a proposta, dizendo que o servidor aproveitaria esses flagelos pra provocar a renovação íntima de muitas pessoas, demonstrando na prática o exercício da paciência e serenidade na dor.
- Gerar calúnia e ódio gratuito contra ele: oGênio do Mal recusou a proposta, dizendo que o servidor se transformaria num mártir, num redentor, aquele que liberta.
- Assassiná-lo sem piedade: o Gênio do Mal recusou a proposta, dizendo que a morte seria a mais doce benção por reconduzi-lo às claridades do Paraíso.
Depois de terem todas suas propostas recusadas, os espíritos aguardam orientação do espirito maligno mais experiente, que diz: “[…] Volta e dize a esse homem que ele é um zero na Criação, que não passa de mesquinho verme desconhecido… Impõe-lhe o conhecimento da própria pequenez, a fim de que jamais se engrandeça, e verás…”.
Fizeram isso. Começaram a sussurrar essas ideias, de que o trabalho dele não faz diferença, que ele é apenas um ser na criação toda, e toda a abnegação e caridade não adiantaria nada em relação à força que exisita do mal no mundo.
Pouco a pouco o trabalhador foi interrompendo suas atividades, desanimado com essas ideias de que ele era pequeno diante da Criação, até seu desencarne.
A história se encerra assim. Vamos seguir às reflexões.
Exemplo do Servidor
O servidor possuía as seguintes características:
Devotamento à Fé e Caridade
Algo que exige desprendimento dos bens materiais e resiliência em frente às adversidades. Quantos de nós não cairíamos diante dessas dificuldades propostas pelos espíritos malígnos?
O Evangelho nos diz que nada nos pertence na Terra, nem mesmo nosso corpo. Todos esses bens são apenas empréstimos. Será que nos manteríamos firmes, assim como esse servidor, caso tivéssemos problemas financeiros?
Família Universal
Deus nos colocou em uma família para que possamos aprender e evoluir juntos, para superar as dificuldades da vida de forma conjunta. Quando há fragilidade no nosso lar, pode então dificultar a prática do Amor que Jesus nos propõe.
Como nos portamos em relação a nossos irmãos de caminhada? Nós nos entendemos como parte dessa Família Universal? Enxergamos os vizinhos, colegas e concorrentes como parte dessa família gigante na qual estamos?
Coração Tranquilo
Mesmo diante de calúnias e ódios, mesmo sentindo que as pessoas ao nosso redor são contra nossas ações, seguimos firmes na prática do bem? Caso encontremos dificuldades, precisamos então nos autoconhecer, encontrar em nós o que nos impede de despertar.
Através do autoconhecimento, buscamos a chave do progresso moral dentro da gente, pouco a pouco descobrimos que temos a centelha divina em nós, nos chamando para a prática do bem, amor e caridade.
Joanna de Ângelis diz que nada de fora perturba o coração tranquilo. O que nos afeta é o que temos dentro da gente. Precisamos de tempo para introspecção e trabalho para conseguir superar este tipo de dificuldade.
Sintonia positiva
Quanto à influência dos espíritos desencarnados, devemos lembrar que os espíritos se organizam tanto no bem, quanto no mal. Sabemos que as influências acontecem naturalmente no dia-a-dia, como diz na questão 459 do Livro dos Espíritos:
Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
— O Livro dos Espíritos, questão 459.
As trocas de pensamento se dão muito rápido, numa velocidade que não conseguimos imaginar. Ao vibrar na caridade, atraímos os espíritos que vibram na mesma faixa. Ao ter pensamentos negativos, também atraímos espíritos com mesma vibração. Ou seja, nós mesmos geramos as redes de conexões que influenciam nossas ações.
Como evitar o poder das trevas
Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?
“Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós […] Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho […]”
— O Livro dos Espíritos, questão 469.
O que fez com que o servidor sintonizasse no mal? Que a ideia de que os trabalhos não fariam diferença em relação à Criação. Nós somos pequenos sim em relação ao vasto Universo. Portanto devemos buscar a compreensão de que somos co-criadores, responsáveis pela pequena parte que nos compete, seja em nosso ambiente de trabalho, na família, amigos, no centro espírita.
Temos que ter disciplina e dar o primeiro passo. A sintonia com espíritos do bem só depende de nós. Cabe a nós permanecer firmes no nosso trabalho como protagonistas da criação.
Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:
* Colaborou para esta publicação: Diego Tondo Souza.
** Imagem em destaque: Pexels.com