O inferno na visão espírita

Você já parou para refletir sobre o que é o Inferno? O que influenciou nessa visão? E como a crença nas penas futuras ocorreu ao longo da história?

Admitida a existência e imortalidade da alma, tem-se que admitir que essa alma vai para alguma parte. Que vem a ser feito dela e para onde vai? Segundo a crença vulgar, a alma vai para o céu, ou para o inferno. Mas, onde ficam o céu e o inferno? Antigamente se dizia que o céu era em cima e o inferno embaixo. Porém, o que são o alto e o baixo no universo?

O Céu e o Inferno

“O Céu e o Inferno” é uma das cinco obras básicas do Espiritismo, que visa esclarecer sobre o nosso destino. Aborda uma pergunta que praticamente todas as religiões e correntes filosóficas buscam explicar:

  • Para onde nós vamos e o que acontece conosco após a chamada morte?

A obra é dividida em duas partes. A primeira é mais teórica, sobre a Doutrina e traz estudo comparado das crenças sobre temas do porvir: céu e inferno, anjos e demônios, penas e recompensas futuras. A segunda parte mostra exemplos de uma série de comunicações de Espíritos em diferentes condições no plano Espiritual.

Primeira Parte, capítulo IV: O Inferno

O inferno é um tema que costuma a causar curiosidade ou tabu. Contudo, deve ser falado e debatido. Senão Kardec não teria colocado no título de uma de suas obras e dedicado um capítulo inteiro da obra com este mesmo nome (capítulo IV da obra O Céu e o Inferno).

O palestrante Paulo César Allebrandt explana este capítulo de modo didático e esclarecedor, em palestra realizada nos canais da Associação Espírita Fé e Caridade, no dia 11 de março de 2021. Nesta publicação, vamos entender juntos o estudo de Allan Kardec sobre a visão do inferno cristão comparado à visão pagã, trazendo o olhar espírita para a análise.

Intuição das penas futuras

Em todos os tempos o homem acreditou que a vida futura seria mais feliz ou infeliz, conforme o bem ou mal praticado na Terra. Ou seja, que nossa conduta diária determina nosso destino após a morte.

  • Mas será que a forma para chegar, seja no caminho feliz, seja no caminho penoso, sempre foi a mesma? Será que historicamente se acreditou numa definição uniforme da vida futura?

Segundo Kardec, a ideia da vida futura está diretamente atrelada ao desenvolvimento do senso moral do homem, da noção entre bem e mal. Sendo assim, as penas e recompensas futuras são de acordo com os instintos predominantes de cada povo.

Temos como exemplo: o caminho para Valhala, céu para os vikings, era através da coragem em combate, em morrer guerreando. Valhala era um enorme salão onde os mortos comiam e bebiam em abundância, contando as vitórias e proezas em guerras. Outras culturas acreditavam em passar pelo sensualismo para chegar ao céu.

Sobre isso, Kardec afirma:

“Enquanto o homem for dominado pela matéria, pode só imperfeitamente compreender a espiritualidade, é por isso que faz das penas e dos gozos futuros um quadro mais material que espiritual” – O Céu e o Inferno, cap. IV, item 1.

A imagem que o homem tinha sobre as coisas da Terra ainda eram muito arraigadas no materialismo. Resultando em que as penas futuras fossem imaginadas da mesma forma:

“Não podendo o homem primitivo conceber senão o que vê, calcou naturalmente seu futuro sobre o presente. […] O quadro que ele imagina dos castigos da vida futura é apenas o reflexo dos males da humanidade, mas em mais ampla proporção” – O Céu e o Inferno, cap. IV, item 2.

Com pequenas diferenças de forma, o inferno de todas as religiões se assemelha. Povos que viviam em clima quente acreditavam em inferno de fogo; povos de regiões de clima frio imaginavam inferno glacial. Porém, todos eram embasados em penas materiais.

Faltava a intuição e a compreensão de que tanto as penas quanto os gozos podiam ser também morais.

Inferno cristão e inferno pagão

A maioria das pessoas tem uma ideia da representação do inferno cristão. O fogo é a base dos tormentos materiais a que são submetidas as almas dos pecadores.

O italiano Dante Alighieri (1265–1321), notável escritor medieval, relatou em sua obra Divina Comédia a peregrinação da alma nas diferentes regiões do plano espiritual, vulgarmente conhecidas, respectivamente, como inferno, purgatório e céu (EADE, filosofias e ciências espíritas, roteiro 21).

Quando aqui nos referimos ao inferno cristão, se trata da visão adotada por instituições e pessoas autodeclaradas seguidores Cristo. Mas que não corresponde aos Seus ensinos. Vamos entender o por quê mais adiante.

No capítulo IV de O Céu e o Inferno, Kardec fez uma análise comparativa entre inferno pagão e cristão. Demonstrando que o inferno cristão foi inspirado no inferno pagão.

Algumas semelhanças entre os infernos descritos são que ambos possuem seu chefe, são um local físico específico, geralmente circunscrito geograficamente em regiões inferiores, e são caracterizados pelo suplício, tortura, intensa dor.

Entretanto, Kardec considera estranho, pois o inferno cristão supera em muitos aspectos negativos o inferno pagão, mostrando-se menos justo. Isso pode-se observar na tabela comparativa:

 
Inferno pagão Inferno cristão
Tipo de pena ao homem Penas e suplícios individualizados, de acordo com males praticados. Pena é a mesma para todos: queimar no fogo eternamente.
Atributo do chefe Hades (nome em grego) ou Plutão (nome em romano) se limitava a governar seu sombrio império do submundo, tomando conta apenas do que é de sua responsabilidade. Satã tentava instigar, atrair os homens para o mal, por ter o prazer de vê-los sofrer. Mais malvado por querer recrutar vítimas para o local que domina.
Aspecto do local Hades apresentava 3 níveis: Campos Elíseos, Érebo e Tártaro. Um lugar único, sem estratificação, com lagoa de fogo e enxofre, vermes e serpentes.
Olhar perante os sofredores Habitantes dos Campos Elíseos não se compraziam em ver os suplícios no Tártaro. Tem caldeiras borbulhantes cujas tampas os anjos levantam para ver contorções dos condenados.
Fonte Narrativas de Homero e Virgílio O inferno, de Auguste Callet

Em ambos, o destino eterno do indivíduo é definido segundo o que se fez única e exclusivamente em vida. Não existe progresso. Parece justo que uma única experiência na carne, uma única chance de acertar, defina toda a eternidade do Espírito?

Se, nessa única oportunidade, tivesse um pequeno desvio de conduta, o homem iria para o inferno. Não é possível que tenhamos apenas dois futuros extremos possíveis, duas moradas, a dos eleitos e a dos reprovados.

Em outra via, se admitirmos que há vários graus em cada um, podemos admitir a possibilidade de ascensão entre eles. E, por consequência, que há progresso. “Ora, se há progresso, não há destino definitivo; se há destino definitivo, não há progresso”, conforme afirma Kardec em O Céu e o Inferno.

Limbo

A partir do século VII a.C., a cultura grega dividiu o Hades em três níveis: Campos Elíseos, espécie de purgatório temporário; Érebo, residência temporária dos que muito tinham a sofrer; e o Tártaro, local de suplício permanente e eterno dos grandes criminosos, mortais e imortais.

O limbo, em latim “borda ou limite”, se aproxima da ideia dos Campos Elíseos gregos, com a diferença de que é um destino irrevogavelmente permanente.

É considerado um local reservado para crianças que desencarnaram em tenra idade, e para aqueles que não receberam educação cristã e batismo.

Na crença cristã, os habitantes deste lugar não sofreriam as penas do inferno, mas também não desfrutariam dos gozos celestes. O que não parece muito justo, pois serão privados da felicidade por toda a eternidade.

A justiça de Deus está toda nesta expressão de Cristo: “A cada um segundo a suas obras”. O que não tem relação necessariamente com o conhecimento cristão. Se a pessoa é caridosa e humilde, não parece justo ir para o limbo se não recebeu tal conhecimento. Assim como, não parece justo para com bebês e crianças que desencarnam sem receber o batismo.

Por pressão do sentimento de justiça da sociedade, em 2007, a Igreja Católica Romana extinguiu o conceito de limbo. Reconheceu que o limbo reflete uma visão excessivamente restritiva da salvação.

Querendo ou não, as religiões influenciam a sociedade. Desenvolver uma visão crítica sobre essas crenças é essencial. A fé raciocinada deve ser aplicada na vida. Tudo o que nos chega deve passar pelo crivo da razão antes virar convicção, para a crença não ser cega.

Assim, notamos que a visão do porvir baseada na cultura greco-romana se perpetuou na visão dos cristãos, ainda mais cruelmente. Mas se o inferno cristão imitou o inferno pagão, onde se encontra as bases em Jesus Cristo?

Para a semente germinar, a terra tem que estar preparada

Quando Jesus Cristo encarnou na Terra, as noções de futuro do homem não podiam se estender além dos seus conhecimentos. Ou seja, o ponto de vista era limitado, sendo assim:

Jesus não podia subitamente destruir crenças enraizadas; faltavam aos homens os conhecimentos necessários para conceber o infinito do espaço e o número infinito dos mundos; e a Terra era para eles o centro do Universo. – O Céu e o Inferno, cap. IV, item 6.

O Mestre querido não entrou em detalhes do porvir, visto que os preconceitos vigentes precisavam ser destruídos ao longo dos séculos. Desse modo, deixando ao cuidado do tempo a retificação das ideias.

Jesus achava-se então na impossibilidade de iniciá-los no verdadeiro estado das coisas. […] Limitou-se a falar vagamente da vida bem-aventurada e dos castigos que aguardam os culpados, mas em nenhum lugar, em seus ensinamentos, se encontra o quadro dos suplícios corporais dos quais os cristãos fizeram um artigo de fé. – O Céu e o Inferno, cap. IV, item 6.

Todavia, Jesus buscou nos esclarecer quanto ao porvir, quando afirmou: “Há muitas moradas na casa de meu Pai” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III).

Na época, tais palavras não foram bem entendidas. Porém, com o capítulo 3 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, sabemos que “os diferentes mundos que circulam no espaço infinito servem de moradas correspondentes ao adiantamento dos Espíritos”. As palavras do Mestre também podem “ter se referido ao estado de ventura ou desgraça do Espírito no plano espiritual”.

Assim sendo, foi preciso a difusão das luzes nos tempos modernos, com o desenvolvimento geral da inteligência e moral, para que o ser humano despertasse para questões de justiça. Foi necessária a destruição de ideias absurdas para se aceitar ideias mais justas que a Doutrina Espírita ajuda a trazer.

Descortinando o Inferno

Vimos que o Inferno cristão foi influenciado pelo inferno pagão, em lugar dos ensinos do Cristo.

A justiça Terrena, mesmo com todas suas falhas, apresenta penas individualizadas e ajustadas ao tipo de delito. Bem como, possui compensações conforme a conduta do criminoso.

  • Será que o Pai Celeste, que é todo Bondade, Justiça e Amor nos desejaria o suplício eterno?

Parece injusto o destino eterno, seja da bem-aventurança ou do sofrimento, pois somos seres únicos, em diferentes níveis evolutivos. A reencarnação, princípio básico do Espiritismo, vem nos possibilitar a correção de nossas imperfeições e de evoluirmos em direção ao Amor de Deus, o que está representado na Lei do Progresso.

Estando o sofrimento vinculado à imperfeição, como o gozo à perfeição, a alma carrega em si mesma seu próprio castigo em toda parte onde se encontra: não é preciso para isso de um lugar circunscrito. O inferno está, portanto, em todo lugar onde há almas sofredoras, como o céu está em toda parte onde há almas bem-aventuradas. – O Céu e o Inferno, cap. VII, item 5, grifo nosso.

Assim, as zonas umbralinas são decorrentes dos Espíritos que ali estão. O estado mental do Espírito antecede o local habitado. Este local é plasmado pelas ideias e formações mentais do conjunto de Espíritos que se aproximam por sintonia vibratória.

As relações de simpatia representam a base da organização social no além-túmulo. “A simpatia que atrai um espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos (O Livros dos Espíritos, parte segunda, q. 301).

Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros. […] semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida. Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em que situa a própria felicidade. – Roteiro, cap. 28.

Ajudando a desconstruir a ideia de o inferno ser um lugar físico, em “O Livro dos Médiuns”, capítulo I, temos que:

Não podendo a doutrina da localização das almas se harmonizar com os dados da Ciência, outra doutrina mais lógica lhes deve marcar o domínio, não um lugar determinado e circunscrito, mas o espaço universal: é todo um mundo invisível, no meio do qual vivemos, que nos cerca e nos acotovela incessantemente. Haverá nisso alguma impossibilidade, alguma coisa que repugne à razão? De modo nenhum; tudo, ao contrário, nos diz que não pode ser de outra maneira. – O Livro dos Médiuns, Primeira parte, cap. I.

Ou seja, as esferas ou regiões espirituais permanecem invisíveis à maioria dos encarnados, embora ambos os planos, o físico e o espiritual, se interpenetram. Os orientadores da Codificação Espírita afirmam que os Espíritos estão por toda parte, e povoam infinitamente os espaços infinitos:

Há os que estão sem cessar ao vosso lado, observando-vos e atuando sobre vós, sem que o saibais, já que os Espíritos são uma das forças da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, pois há regiões interditas aos menos adiantados. – O Livro dos Espíritos, Parte segunda, questão 87.

Desse modo, importa considerar que, em razão das próprias condições evolutivas, sobretudo as de ordem moral, os Espíritos não têm acesso livre às diferentes regiões do plano espiritual.

Por isso, fazer o bem, ser caridoso, buscar se aprimorar constantemente é atuar pelo próprio caminho presente e futuro.

Fora da Caridade não há salvação

Entendida moralmente pela Lei de Justiça, Amor e Caridade, a Lei Divina é o Supremo Bem que se manifesta na Criação, em todo o Universo.

A salvação é compreender a Lei Divina e se alinhar a ela, significando evolução e aproximação da felicidade. É o contínuo trabalho de renovação e de aprimoramento do Ser. Analogamente, é evitar transgredir a Lei de Deus e a estagnação e sofrimento que disso resultam.

Salvar-se, para a Doutrina Espírita, não é escapar ao inferno que não existe, mas sim:

Aperfeiçoar-se espiritualmente, a fim de não cairmos em estados de angústia e depressão após o transe da morte. E, em suma, é libertar-se dos erros, das paixões insanas e da ignorância. Salvamo-nos do mal e nos liberamos para o bem, eis tudo. — Candeias na Noite Escura, cap. 12.

Libertação e preservação do espírito contra o perigo de maiores males, no próprio caminho, a fim de que se confie à construção da própria felicidade, nos domínios do bem, elevando-se a passos mais altos de evolução. – O Espírito da Verdade, cap. 8.

Inspirado nesta máxima do Espiritismo, o Espírito Bezerra de Menezes ajuda-nos a finalizar nossa reflexão, dizendo:

“O cultivador é conduzido ao pântano para convertê-lo em terra fértil.
O técnico é convidado ao motor em desajuste para sanar-lhe os defeitos.
O médico é solicitado ao enfermo para a benção da cura.
O professor é trazido ao analfabeto para auxiliá-lo na escola.
O espírita cristão é chamado aos problemas do mundo, a fim de ajudar-lhes a solução; contudo, para atender em semelhante mister, há que silenciar discórdia e censura e alongar entendimento e serviço.
É por essa razão que interpretando o conceito “salvar” por “livrar da ruína” ou “preservar do perigo”, colocou Allan Kardec, no luminoso portal da Doutrina Espírita, a sua legenda inesquecível: – Fora da caridade não há salvação.” – O Espírito da Verdade, Cap. 3.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

Referências bibliográficas:

  1. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Manuel Justiniano Quintão. 57ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. IV (O Inferno).
  2. Id. O Livro dos Médiuns. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Primeira parte, cap. I, Item 2, p. 22-23.
  3. Id. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Introdução VI, Parte segunda, Questão 87, p. 123
  4. Id. Ibid. Questão 301, p. 248
  5. Id. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3. (Há muitas moradas na casa de meu Pai).
  6. XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel,.11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 28 (Sintonia), p. 119-120.
  7. Id. No Mundo Maior. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 12. imp. Brasília: FEB, 2020. Cap. 15 (Apelo cristão), p. 198.
  8. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. Por Espíritos diversos. Cap. 3 (Legenda Espírita). p. 11.
  9. Id. Ibid, Cap. 8 (A rigor), p. 17.
  10. MIRANDA, Hermínio Corrêa de. Candeias na Noite Escura. 5ª ed. Rio de janeiro: FEB. 2011. Cap.12 (Gavetas de papéis) p. 36.
  11. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Espiritismo, o consolador prometido por Jesus. Marta Antunes de Oliveira Moura (organizadora). – 1. ed. – 6. imp. – Brasília: FEB, 2019. ISBN 978-85-7328-773-8
  12. Estudo aprofundado da doutrina espírita: Filosofia e ciência espíritas. Marta Antunes de Oliveira Moura (organizadora). – 1. ed. – 7. imp. – Brasília: FEB, 2019. ISBN 978-85-7328-774-5

* Colaborou com esta publicação: Ana Maria Beims Lopes.

** Imagem de capa: lalesh aldarwish do Pexels.

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