Mortes Coletivas

Na questão das mortes coletivas, podemos compreender que Deus utiliza o mal que fazemos como o próprio remédio para a nossa evolução.

Ao pensarmos sobre mortes coletivas, é importante destacar que, todos os dias, milhares de pessoas desencarnam, em uma via de mão dupla com o Mundo Espiritual. Diariamente, são mais de 100 mil desencarnes e outras 200 mil pessoas reencarnam, mantendo o ciclo da vida constantemente ativo.

Para tratar sobre esse tema, nos baseamos na palestra realizada na Associação Espírita Fé e Caridade, no dia 15 de março de 2021.

As mortes coletivas

Desencarnes ocorrem sempre, porém, ao seguirmos em nossas rotinas, não nos damos conta de “quantas pessoas desencarnaram hoje?”.

No entanto, quando as grandes tragédias acontecem, fazendo com que muitas vidas sejam ceifadas em um só momento, nos damos conta do final necessário de todas as vidas encarnadas e, por vezes, questionamos o porquê de Deus permitir tais situações.

Nesse sentido, as mortes coletivas passam a ser testes de fé na justiça divina.

A pandemia e as mortes coletivas

Da mesma forma que os grandes desastres, como incêndios, desabamentos de prédios, entre outros, a pandemia que assola a humanidade nos faz questionar a necessidade de passarmos por tais provações, de forma coletiva.

Assim, nos esclarece Emmanuel:

“Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.” — Chico Xavier Pede Licença, Cap. 19, Desencarnações Coletivas.

Portanto, o palestrante nos explica que, ao questionarmos os motivos de tais expiações, devemos excluir as ideias de “fatalidade” ou “destino”, entendendo que, se existe um destino, ele é realizado por cada um de nós. Em outras palavras, somos os autores de nossos próprios destinos.

A Visão Espírita sobre as mortes coletivas

Podemos, portanto, analisar as mortes coletivas por meio das lentes da alma imortal. Novamente, podemos recorrer aos mentores espirituais:

“É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla. […] Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança.” — Chico Xavier Pede Licença, Cap. 19, Desencarnações Coletivas.

Portanto, a doutrina espírita nos explica que os grandes desastres servem como resgate coletivo ou, em outras palavras, como correção de rumo para pessoas ou um grupo de pessoas (expiação coletiva).

Isso ocorre por conta da Lei de Causa e Efeito. Ao longo das nossas encarnações, em conjunto ou separados, acabamos por cometer faltas semelhantes, o que gera um comprometimento perante as Leis Divinas. Dessa forma, para sanar esses débitos, passamos por esses “desastres” do ponto de vista material, tranquilizando nossas consciências. Portanto, cada um recebe segundo as suas obras, estando submetido à Lei de evolução e progresso espiritual.

A visão do espírito imortal, então nos esclarece o motivo de tais situações e, em especial, o porquê de algumas pessoas não desencarnarem e outras partirem em desastres materiais. Assim, nos esclarece o palestrante, cabe aos mentores espirituais reunir esses espíritos em determinado lugar para que a “tragédia”/resgate ocorra.

Mortes coletivas e mortes prematuras

Outro possível questionamento que temos com relação a essas grandes tragédias, são as mortes prematuras, ou seja, pessoas jovens que, pelo ponto de vista material, ainda tinham uma vida pela frente. Nesse sentido, León Denis nos esclarece:

“As existências interrompidas prematuramente por causa de acidentes chegaram ao seu termo previsto. São, em geral, complementares de existências anteriores, truncadas por causa de abusos ou excessos. Quando, em conseqüência de hábitos desregrados, se gastaram os recursos vitais antes da hora marcada pela Natureza, tem-se de voltar a perfazer, numa existência mais curta, o lapso de tempo que a existência precedente devia ter normalmente preenchido. Sucede que os seres humanos passíveis dessa reparação se reúnem num ponto pela força do destino, para sofrerem, numa morte trágica, as consequências de atos que têm relação com o passado anterior ao nascimento. Daí, as mortes coletivas, as catástrofes que lançam no mundo um aviso. Aqueles que assim partem, acabaram o tempo que tinham de viver e vão preparar-se para existências melhores.” — O problema do Ser, do Destino e da Dor, Cap. X, A morte.

Assim, precisamos mudar nossa lente material para uma relacionada à imortalidade da alma para explicar os débitos de outras existências que, pela Misericórdia Divina, são resgatados por meio do desencarne aparentemente prematuro, materialmente falando.

O código penal da vida futura

Como complemento à questão das mortes coletivas, podemos recorrer à obra básica “O Céu e o Inferno” para mais esclarecimentos, em especial ao último artigo do “Código penal da vida futura”.

“33º) Em que pese à diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:
1. O sofrimento é inerente à imperfeição.
2. Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio
castigo nas consequências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os
excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação
especial para cada falta ou indivíduo.
3. Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode
igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade.
A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra — tal é a lei da Justiça divina.” — O Céu e o Inferno, Primeira Parte, Cap. VII, As penas futuras segundo o Espiritismo.

Dessa forma, podemos compreender que Deus utiliza o mal que fazemos como o próprio remédio para a nossa evolução. Em outras palavras, o mal que fazemos se volta contra nós para que possamos sentir na própria pele o que fizemos para o próximo e, cansados de sofrer, buscamos a regeneração, como prediz a Lei de Causa e Efeito. Assim, a Misericórdia Divina sempre oferece a oportunidade de se redimir pelas suas próprias ações.

Como nos indica o terceiro princípio do item do código penal da vida futura acima, o trabalho e vontade no bem e na caridade pode nos assegurar a evolução e correção de nossos erros e imperfeições. Portanto, o homem que não despertou para a vontade de fazer o bem, está em situação de ignorância do bem.

É necessário que ajamos em favor da nossa evolução constante, visto que as dívidas são unicamente nossas, cabendo à cada um a reparação por nós mesmos.

A Justiça Divina

Por meio das conclusões apresentadas anteriormente, podemos entender que a justiça divina está presente em todos os lugares:

“Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra a terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a Justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser” – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Bem aventurados os aflitos, item 21

Assim, Deus nos oferece sempre a possibilidade de correção de nossas dívidas, estando sua justiça presente diariamente em nossas provações e expiações.

Acompanhe a íntegra da palestra “Mortes Coletivas”, que inspirou esta publicação:

Referências Bibliográficas:

  1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro, 131ª edição, 2013. Cap. V (Bem aventurados os aflitos), item 21.
  2. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Manuel Quintão, 61ª edição, 2013. Primeira Parte – Capítulo VII (As penas futuras segundo o Espiritismo), Código penal da vida futura.
  3. Denis, Léon, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Capítulo X (A morte).
  4. Xavier, Francisco Cândido e Pires, José Herculano, Chico Xavier pede licença, Capítulo 57 (Dinheiro). Espíritos Diversos.

* Colaborou para esta publicação: Alberto Luz.

** Crédito da imagem: freestocks.org.

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