Mediunidade gratuita

Deus deu gratuitamente o dom da mediunidade para o alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé.

Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Adriana Adada trouxe o tema “Mediunidade Gratuita”, presente no capítulo 26 de O Evangelho segundo o Espiritismo: dai de graça o que de graça recebeste. 

Mediunidade 

O que é ser médium? Ser médium é possuir uma faculdade que permite o intercâmbio com os Espíritos. É inerente a todas as criaturas humanas, independentemente de sua condição moral. Manifesta-se através de sonhos, intuições, premonições, psicografia, psicofonia, efeitos físicos, etc. Existem pessoas que são portadoras de recursos mais amplos nestas manifestações, facilitando-lhes a comunicação com os espíritos. 

Conforme nos alerta Allan Kardec, esta faculdade, como todas as outras, precisam ser educadas para que sejam direcionadas para o seu verdadeiro objetivo, que é o de servir de instrumento para a propagação do bem, do amor, do consolo e da divulgação das Leis Divinas que regem o Universo. 

A mediunidade não nos torna superiores, mas sim nossas qualidades morais. Não é um privilégio e obedece a um planejamento reencarnatório e o espírito encarnado aceita-o de livre e espontânea vontade, se preparando através do estudo para desenvolver bem sua tarefa. 

Todos somos mais ou menos médiuns 

Na questão 459 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questiona se os Espíritos influenciam em nossos pensamentos e atos. A resposta nos orienta que “Sim, muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, frequentemente, são eles que vos dirigem.” Claro que somos dotados de livre-arbítrio e podemos aceitar ou não os pensamentos que nos são encaminhados pelos Espíritos. 

Toda pessoa que, num grau qualquer, experimente a influência dos Espíritos é, por esse simples fato, médium.

Mas como se manifesta a mediunidade? Através da intuição.

A faculdade intuitiva é uma instituição universal. Através dos seus recursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas, ampliando conquistas sentimentais e culturais, colaboração essa que se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pela concessão de Deus.
— Caminho, Verdade e Vida, Capítulo 156, Intuição.

Médiuns ostensivos

Lembrando que alguns de nós somos mais sensíveis, o que é relacionado com nossa capacidade orgânica. É o caso dos médiuns ostensivos, em que a faculdade mediúnica se manifesta com certa intensidade.

Ilustrando como a intuição é algo muitas vezes sutil, por exemplo, para médiuns escreventes (ou psicógrafos) com a peculiaridade de serem intuitivos:

Torna-se frequentemente difícil distinguir o pensamento do médium daquele que lhe é sugerido, o que leva muitos médiuns a duvidar de suas faculdades.
— Obras Póstumas, Allan Kardec, Primeira Parte, capítulo VI.

Estudando e, consequentemente, se transformando moralmente em pensamentos, palavras e ações, o médium vai aprendendo a discernir o que é bom ou não nas sugestões que recebe e, assim, vai filtrando o que deve ser exteriorizado ou não. 

Início da mediunidade na Terra

E desde quando sabemos da existência da mediunidade? Segundo O Livro dos Médiuns:

[…] o dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo; os profetas eram médiuns; Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; as inspirações de Joana D’Arc não eram não eram outras senão as vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam. Esse dom que se derrama agora, tornou-se mais raro nos séculos medievais, mas não cessou jamais.
— O Livro dos Médiuns, capítulo XXXI. 

Opinião sobre os médiuns ao longo do tempo 

Houve, em várias épocas, luta de idéias, claro que permitido por Deus, para que o ser moral se torne o que deve ser, se aperfeiçoe, já que esse é o fim e o objetivo da vida. 

Os médiuns já foram vistos como feiticeiros, bruxas, adivinhos, mas Kardec nos trouxe essa verdade a respeito dos médiuns serem aqueles que fazem o intercâmbio entre encarnados e desencarnados. 

Atualmente, as faculdades de que os médiuns dispõem muitas vezes atraem elogios, felicitações, adulações. O que movimenta algo muito difícil, o orgulho. Dominado por esse sentimento, os médiuns ficam à mercê de maus espíritos. Esquecem então que estão se atribuindo um mérito que não lhes pertence. 

A mediunidade não é talento, não tem dono 

É nos dado o talento adquirido pelo estudo, pelo trabalho e pelos quais podemos usufruir e ter algo em troca. A mediunidade, porém, não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. 

Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não pode existir mediunidade. Explorar a mediunidade é dispor de algo da qual não se é realmente dono. Não é de si próprio que o explorador dispõe, é do concurso dos espíritos. 

Por isso, a mediunidade é uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e mutável, com cuja perenidade, pois, ninguém pode contar. 

O Livro dos Médiuns explica claramente: 

Sabe-se da aversão dos Espíritos por tudo o que cheira a cupidez e egoísmo, o pouco caso que fazem das coisas materiais e querer-se-ia que eles ajudassem os que andassem a traficar as sua presença! Isso repugna o pensamento, e precisar-se-ia conhecer bem pouco a natureza do mundo espírita para crer que possa ser assim. O egoísmo é a praga da sociedade; os bons Espíritos o combatem; não se pode supor que venham serví-lo.
— O Livro dos Médiuns, capítulo XXVIII, item 305.

Finalidade da mediunidade 

A relação entre o mundo corporal e o espiritual não tem nada de sobrenatural, muito pelo contrário, é algo natural. Faz-se necessário então a desmistificação do significado desse movimento entre encarnados e desencarnados.  

Se Deus envia os Espíritos para instruírem os homens, é para esclarecê-los sobre seus deveres, mostrar-lhes a rota que pode abreviar suas provas, e com isso apressar seu adiantamento; ora, do mesmo modo que o fruto chega à maturidade, o homem também alcançará a perfeição.
— Livro dos Médiuns, capítulo XXXI, item IV.  

O espiritismo vem reforçar a mediunidade com um fim exclusivamente moral, consolador e religioso. 

Por isso, o estudo, o trabalho, para que o médium possa estar preparado para as diversas situações em que estará inserido. É necessário se fortalecer no estudo e na para não se deixar levar por energias mais densas de espíritos que ainda se comprazem no mal e que, por este motivo, dificultam o desenvolvimento do médium sério, estudioso e trabalhador. 

Jesus, que foi médium de cura, nos deixou o exemplo de quanto pode o amor pelo próximo, quando esquecemos de nós mesmos para auxiliar. 

Mediunidade com Jesus: Dai de graça o que de graça recebeste 

O capítulo XXVI de O Evangelho segundo o Espiritismo recomenda: “Dai de graça o que gratuitamente haveis recebido”. Assim, ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Ou seja, Deus deu gratuitamente esse dom, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé. Jesus recomendava, então, que não fizessem dele objeto de comércio, nem especulação, nem meio de vida. 

Viver a mediunidade é estar em relação direta com os vivos do além-túmulo. Mas essa vivência deve espalhar o bem, semear o amor. Por isso o médium deve ser um verdadeiro cristão, tendo nas lições do Evangelho o roteiro infalível de boa conduta, servindo de canal para as mensagens dos bons espíritos, representantes da mensagem da Boa Nova! 

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

Referências: 

  • EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Cap. XXVI.  
  • KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 1ª parte, item 50, pág. 71. 
  • LIVRO DOS ESPÍRITOS. Questão 459. 
  • LIVRO DOS MÉDIUNS. Cap. XXXI e XXXVIII. 
  • XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo espírito Emmanuel. Cap. 156. Pág. 328. 

*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
** Imagem em destaque: via pixabay.com

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