A reflexão de hoje é baseada no livro Jesus e Atualidade da série psicológica de Joanna de Ângelis e em palestra exibida nos meios de comunicação da Associação Espírita Fé e Caridade, cujo tema foi Jesus e Revolução.
O olhar transcendente de Jesus
Verificamos que Jesus sempre agiu na condição de psicólogo profundo. Não importava a aparência da pessoa, mas Jesus sempre se referia a elas em relação aos seus sentimentos.
Jesus, com toda sua evolução, nos desnudava com seu olhar e percebia nossa essência. Nós, como Espíritos em evolução, temos muita dificuldade de nos colocarmos através das palavras perante aos outros. E mais, temos grande dificuldade de nos desnudar, de nos olhar com sinceridade, de sermos verdadeiros perante nós mesmos.
Esta é uma estratégia de proteção, para não percebermos e expormos nossas fragilidades. Mas, para que possamos compreender nossas limitações, é necessário olhar para dentro, vendo nossas vulnerabilidades e potencialidades. Também, para que valorizemos o que nos impulsiona positivamente e, assim, criar estratégias para trabalharmos com nossas questões mais difíceis.
Vivemos em uma sociedade em que não podemos mostrar nossas fraquezas. Claro, que por necessidade nossa, estamos aqui e agora.
Ainda são poucos os que sabem e conseguem olhar, escutar e compreender o próximo. Usamos nossas próprias histórias para compreender a história do outro. Porém, muitas pessoas não se escutam, elas falam; não se entreolham, apenas enxergam as próprias dores, sempre maiores que as do outro.
A gentileza ainda transmuda-se em agressividade. Ainda julgamos nossos companheiros de jornada sem refletirmos que, se hoje estamos um pouco melhor, já erramos e ainda cometeremos outros erros. E, com certeza, teremos que nos responsabilizar por cada pensamento, palavra ou ato que utilizarmos.
Jesus, Ser Integral e iluminado, olhava para dentro de nós, penetrava nos lugares mais profundos e desconhecidos até mesmo para nós, que mais pensamos nos efeitos do que nas causas de nossos desequilíbrios.
O diálogo do Mestre
Jesus não julgava, compreendia que viemos para a Terra para aprender. Seu diálogo não era evasivo, ensinava com falas muito acertivas e diretas. Quando usava de parábolas, levava todos, pela lógica e pela reflexão, à conclusão acertada do comportamento moral adequado. O Mestre confiava que iríamos superar as dificuldades.
Joanna relata que Jesus assim o fez, repetidas vezes, inclusive com o sacerdote que Lhe indagara quem era o seu próximo, narrando-lhe a “parábola do Bom Samaritano” e obrigando-o, pela lógica, à conclusão.
Nessa parábola, quem auxiliou o homem machucado e deitado no chão foi o samaritano, mesmo tendo passado pelo local um sacerdote e um homem da lei. Ou seja, quem estava pronto a auxiliar não eram aquelas pessoas que, aos olhos da sociedade, estavam preparadas para isso. Mas sim, aquele que, julgado pelas pessoas da época como um ateu, aos olhos de Deus, estava pronto, porque tinha amor em seu coração.
Até hoje, as parábolas são atuais, porque nos fazem pensar, voltar para dentro de nós mesmos e verificar o que é edificante ou não.
Jesus e Revolução
Se levarmos em conta a palavra “revolução”, tendo como sinônimos “transformação”, “reforma” e “renovação”, veremos que Jesus foi, sim, um transformador para o bem. Notaremos que Ele nos auxiliou a praticarmos a reforma íntima, renovando-nos para exercermos a caridade e amarmos incondicionalmente.
Quando Jesus nos tornou cientes da Boa Nova, uma nova Era começou no planeta. Era chegada a hora de iniciarmos o trabalho de mudança, que também é um dos sinônimos de “revolução”.
Começamos, então, a perceber, progressivamente, que algo necessita de movimento dentro de nós, algo que estava estagnado e que precisa ser mexido. Esse movimento gera dor, desconforto e dificuldades a serem vencidas. Entretanto, o resultado dessa mudança é nossa evolução, sempre para o alto, para a luz, para a paz de espírito.
Revolução e a parábola do Semeador
Em relação sobre a nossa mudança, podemos nos reportar à outra parábola, a “parábola do Semeador”.
Nela, o Semeador joga as sementes, e parte delas caem à beira do caminho, outra parte em meio a pedras, outra em meio a espinhos, e, ainda, uma parte cai em solo fértil.
Nessa analogia, os sofredores eram o solo fértil. Já haviam sofrido, arado a terra com a dor e a molhado com suas lágrimas. E ali estava o terreno fértil, para que as sementes pudessem crescer fortes, que são os ensinamentos de Jesus.
Segundo Joanna, era com os sofredores que Jesus tinha a mais completa psicoterapia que se tem conhecimento.
Jesus amava os sofredores e auxiliava que buscassem suas potencialidades ainda dormentes, não impedindo que continuassem como o desejassem. Então, Jesus confiava em nossas capacidades, e, com enorme amor, nos guiava e guia, deixando a nós a escolha de persistirmos na batalha da busca do bem maior ou não.
Cabe a nós
Jesus não recorria a análise de sonhos para decobrir nossa sombra interior. Não administrava medicamentos, não acusava, nem transferia culpas. Não necessitava disso, porque o Mestre tinha a capacidade de ver nosso íntimo, muito mais do que nós mesmos.
E o Mestre nos levava a perceber, que nós somos os responsáveis pela transformação em nós. E ainda que nós somos os motivadores de nossas dificuldades, sendo assim, nós precisamos trabalhar para resolvê-las, para a autocura.
Quando esquecemos de olhar para dentro, deixamos de visualizar nossas dificuldades, mas também nossas potencialidades, que Jesus via com clareza. E, nosso Mestre, sempre deixou a nosso encargo a escolha de persistir no bem ou não. Ele nos ensina o Caminho, nos auxilia, mas nós escolhemos o que queremos para nós.
E aí vem em nossa mente: “é difícil”. Sim, fica difícil, porque fizemos, em muitos momentos, escolhas difíceis, baseadas nas alegrias momentâneas. E continuamos optando pelas facilidades da vida mundana, mas, chega a hora da verdade e temos que arcar com as consequências dos nossos atos. E aí, é chegado o momento de nossa “revolução íntima”.
Jesus sabia que o esforço é árduo e só perseverança, tempo e trabalho levaria a vitória.
Um passo de cada vez
Então, paciência, muita paciência é necessária. Principalmente no momento atual, em que as redes sociais nos dão a falsa idéia de velocidade, que gera muita ansiedade. Mas, a vida tem seu ritmo. Cada um de nós tem seu próprio ritmo e quando aceleramos demais ficamos confusos e com dificuldade para ver o que não está bom, o que está gerando desequilíbrio.
O excesso de informações nos faz dar importância exagerada para futilidades e perdemos o tempo de olhar para dentro e, em velocidade exagerada, já não conseguimos parar, silenciar, ver o que precisa ser analisado e mudado.
Para ficarmos fortes e agirmos no bem, necessitamos recordar sempre o exemplo de nosso Mestre que agia com amor. Silenciava quando necessário e oferecia a todos o tempo de se encontrar e verificar o que era melhor para si, arcando com as consequências de suas escolhas. Silenciar, parar, escutar, se escutar, é imprescindível para colocar nossa casa íntima em ordem.
Joanna, nos alerta:
Muitos, senão quase totalidade, foram ingratos, outros tantos caíram nas redes em que se amolentaram na indolência; diversos O acusaram, inconscientes e inadvertidos. Todos, no entanto, foram levados pelo Seu magnetismo, afabilidade e amor.
— Jesus e Atualidade, capítulo 13, “Jesus e Revolução”.
Jesus era um revolucionário por excelência, estabelecia a luta de dentro para fora, a morte do homem velho, o nascimento do homem novo”.
Rumo à regeneração
Que recordemos sempre que, com a vinda de Jesus ao planeta Terra:
Começava a era definitiva da maioridade espiritual da humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações. Jesus, através do concurso de vários mensageiros da Boa Nova, portadores da contribuição de fervor, crença e vida, poderia lançar na terra os fundamentos da Verdade inabalável.
— A Caminho da Luz, capítulo 12, “A vinda de Jesus”.
Assim, a renovação (revolução), dá seus primeiros passos, e transforma, progressivamente, a forma de pensar, mas, principalmente, de agir, em relação à si próprio e ao outro. E continua trazendo a esperança de dias melhores, onde o amor, a caridade, a benevolência, a evolução moral, farão parte da vida dos seres humanos, ou, pelo menos, da maioria, colocando em prática as lições que nos foram passadas há tanto tempo.
Se desejas realmente as curas dos teus males, deixa-te auscultar por esse sublime psicoterapeuta que é Jesus, segue-lhe as instruções, revoluciona-te, rompendo com o comodismo, a autopiedade, a autoflagelação e o passado sombrio!
Às vezes nos colocamos sós, mas nunca estamos sós! Somos capazes, se, assumindo nossos erros e dificuldades, formos à luta. Renasce dentro de ti, confia em ti mesmo, olha para ti mesmo com os mesmos olhos que Jesus nos olhou e nos olha o tempo todo. Luta!!! Vale a pena! Luta com amor!
Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:
A série Jesus e Atualidade foi abordada em outras publicações de nosso blog, que podem ser acessadas nos seguintes links:
Referências bibliográficas:
- FRANCO, Divaldo Pereira. Jesus e Atualidade. Pelo espírito Joanna de Ângelis.
- XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo espírito Emmanuel.
*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
**Imagem em destaque via freepick.com