Jesus e Humanidade

Jesus veio para humanizar o homem, sustentando no amor os pilares da ética para humanidade. Renasce e busca-O, na multidão ou no silêncio da reflexão.

Jesus e Humanidade é o nome do terceiro capítulo da obra Jesus e Atualidade, psicografada por Divaldo Pereira Franco. Essa obra consiste no primeiro livro da Série Psicológica da benfeitora espiritual Joanna de Ângelis.

Nos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Carla Ribeiro traz reflexões todos os meses sobre capítulos dessa obra. Com isso, separamos momentos para refletir os ensinamentos de Jesus na perspectiva da atualidade.

O que significa “humanidade”?

Você já parou para pensar o que é humanidade? Sabemos que somos parte integrante da Humanidade, formada por um todo da espécie humana. Mas o que me torna humano no dia-a-dia?

Segundo o dicionário, humanidade é um conjunto de características específicas à natureza humana; como sentimento de bondade, benevolência, em relação aos semelhantes, ou de compaixão, piedade, em relação aos desfavorecidos.

Humanização através de Jesus

Nesse sentido, lembramos de Jesus como sendo o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para seguir como modelo e guia (q. 625 de O Livro dos Espíritos). E Joanna complementa:

Não havendo criado qualquer doutrina ou sistema, Jesus tornou a Sua vida o modelo para que o homem se pudesse humanizar, adquirindo a expressão superior.
-– Jesus e Atualidade, cap. 3 (grifo nosso).

Joanna de Ângelis afirma que:

Jesus-Homem, é a lição de vida que haurimos no Evangelho como convite ao homem que se deve deificar (purificar).
-– Jesus e Atualidade, cap. 3.

Quando encarnou na Terra, Jesus se submeteu às barreiras e vicissitudes do corpo físico. E mostrou, por meio do exemplo, como é viver na matéria com foco e olhos da vida espiritual, da Vida Maior. Jesus viveu entre nós mostrando que seu “reino não é deste mundo”, que a verdadeira vida é no plano espiritual.

Afirmou que o maior mandamento da Lei de Deus é “Amar de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito”. E o segundo, semelhante ao primeiro, é “amar ao próximo como a ti mesmo”.

Assim, o ensinamento da Lei Divina sempre veio passível de entendimento para humanidade que aqui estava. À época de Jesus, nós já estávamos em condições evolutivas mais capazes de compreender a lei de forma a destacar a essência. Em que já conseguíamos cogitar em fazer ao outro o que desejaríamos que fosse feito a nós mesmos.

Regra áurea e humanidade

Se eu não quero que façam para mim, como vou fazer para o outro? Se trouxermos para contexto atual da pandemia, vemos nossa humanidade colocada em cheque.

O que me faz humano(a) dentro da pandemia? Na qual vejo que tenho que cuidar de mim para cuidar do outro. Onde também dependo do cuidado do outro para cuidar da minha saúde.

Será que estou respeitando a coletividade? Ou será que estou priorizando minhas vontades e desejos imediatos, esquecendo dos nossos irmãos em Deus?

A pandemia nos coloca numa posição coletiva, de refletir no aspecto da interdependência e solidariedade. Pois meu comportamento e escolhas interferem na vida do próximo, com mais evidência. Onde entra minha ajuda, misericórdia, benevolência, cuidado com o próximo? Ou seja, onde entra minha humanidade?

Etapas da humanidade: dos instintos ao sentimento por excelência

O egoísmo e orgulho são decorrentes do instinto de conservação em demasia. Deus não cria nada sem utilidade. Todo o instinto tem sua razão de ser para cada etapa evolutiva do Espírito. Deus não criou o mal, o abuso do homem nesses instintos é que criou. Vemos isso na exaltação da personalidade, e no bem só para si próprio.

Joanna de Ângelis nos traz que o homem tem sido símbolo de violência, prepotência e presunção. Mas que após os exemplos de Jesus, surgiu um diferente homem: humilde, simples, submisso e forte na sua perenidade espiritual.

Em O Evangelho Segundo O Espiritismo, o Espírito Lázaro nos explica sobre a lei de amor, caminho de ascensão da humanidade:

Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é
o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito.
-– O
Evangelho Segundo O Espiritismo, cap. 11 (grifo nosso)

Jesus traz o exemplo do amor, da empatia, e de todas as características ligadas ao significado da palavra humanidade. Dessa forma, a vivência mais SUBLIME que Jesus nos traz é o AMOR. O amor é o Seu pilar, é a sustentação da ética humanizadora.

Animalidade, humanidade e angelitude

Jesus é a personagem histórica mais identificada com o homem e com a humanidade. Todo o Seu ministério é feito de humanização, erguendo o ser do instinto para a razão e daí para a angelitude. Igualmente, é o Homem que mais se identifica com Deus.
-– Jesus e Atualidade, cap. 3 (grifo nosso).

Da animalidade em direção a angelitude. Na animalidade temos só instintos. Quando avançamos para angelitude, temos o amor-altruísta, amor-caridoso, como sentimento que nos move. Assim, vamos perdendo características de um, para adquirir características mais angelicais, e ir nos depurando.

Primeiro a planta, depois a espiga, depois o grão na espiga. Não nos enganemos, nos humanizando, ainda cometeremos erros. E isso já será um avanço, sair da animalidade. Para então voltarmos nossos olhos para a angelitude do Espírito.

Reflitamos então: que importância dou ao que é ser humano? Será que estou valorizando minha animalidade ou humanidade nos atos do dia-a-dia?

Educação e humanidade

Eduquemo-nos assimilando os ensinos do Professor por excelência. Jesus, que não se utilizou de sofismas ou fórmulas complexas exigindo alto nível de intelecto, mas sim que:

Utilizou-se de um insignificante grão de mostarda, para lecionar sobre a ; recorreu a redes de pesca e a peixes, para deixar imperecíveis exemplos de trabalho; a semente caindo em diferentes tipos de solos, para demonstrar a diversidade de sentimentos humanos ante o pólen de luz da Sua palavra.
-– Jesus e Atualidade, cap. 3 (grifo nosso).

Procuremos relacionar as experiências da nossa vida com esses ensinos, nos quais encontramos diretriz segura para agirmos. Emmanuel nos exorta a educarmos nossas almas, por meio de esforço ativo para empregarmos o Evangelho, lembrando-nos:

Educa e transformarás a irracional idade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude. Educa e edificarás o paraíso na Terra. Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.
-– Fonte Viva, cap. 30.

Nesse mesmo capítulo, Emmanuel esclarece que o Espírito traz consigo o gene da Divindade. Deus está em nós, quanto estamos em Deus.

Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios.

Vivência do Evangelho em humanidade

A vida de Jesus foi a exemplificação do mais sublime amor. Sua moral traz como tesouros a humildade e caridade, virtudes contrárias ao egoísmo e orgulho. Esses vícios são o maior desafio a ser superado pela Humanidade. Será necessária vontade firme no caminho do Mestre, através da abnegação e devotamento, para alcançar a eterna felicidade (Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 15, item 3).

Nós conhecemos esses ensinamentos, mas nós os vivenciamos? Como estamos vivendo? Entendemos que temos não só direitos, mas também deveres (obrigações morais)? Renunciamos nossos interesses em prol do bem de todos? Perdoamos ofensas? Compreendemos as limitações nossas e do outro?

Será que ainda continuamos na Lei de Talião? Você me ofende, eu te ofendo. Você é indiferente, eu sou indiferente. Ainda pagamos o mal com a moeda do mal? Lembremos de Jesus, que nos ensinou a pagar todo o mal com o bem, a amar nossos inimigos.

Lembremos todos os dias que somos Espíritos imortais, com uma estrada evolutiva rumo ao Pai, que deseja nossa felicidade plena, conquistada com nosso próprio esforço.

O processo de evolução, de encontrar a Deus, de implantar o Reino de Deus no nosso coração começa aqui e agora. E necessariamente passa pelo nosso irmão. O progresso espiritual passa por se conciliar com nossos desafetos. Se conciliar até mesmo com nossos inimigos internos, lidando com nossas sombras amorosamente.

Continuaremos encarnando repetidamente até que aprendamos a nos reconciliar com nossos irmãos. Até aprendermos a perdoar, a desejar o bem, a não mais se ofender, a compreender o outro, a buscar a fraternidade universal…

Bom ânimo amigos! Jesus não perde de vista a fé e confiança no Pai, de que todos um dia venceremos a nós mesmos. E nós conseguiremos! Superaremos pouco a pouco nossas fraquezas morais, amando, educando-nos e servindo. Manifestaremos, assim, progressivamente nossa essência divina.

Jesus é a luz que aquece e clareia a humanidade

Se não lhe sentiste o calor (de Jesus), rompe o frio da tua indiferença… facultando-Lhe penetrar-te o coração e a mente.
Na tua condição humana necessitas dEle, a fim de cresceres
, saindo dos teus limites para o infinito do Seu amor.
-– Jesus e Atualidade, cap. 3 (grifo nosso).

Jesus é o Caminho, Verdade e Vida. É por meio dEle nos aproximaremos de Deus. Jesus está sempre receptivo a nós, nós que precisamos encarar e vencer as barreiras que nos afastam dEle e do amor infinito que verte do Pai.

Joanna finaliza o capítulo, afirmando:

Jesus veio ao homem para humanizá-lo, sem dúvida.
Cabe-te, agora, esquecer por momentos das tuas pequenezas e recebê-lO, assim cristificando-te, no logro da tua realização plena e total.
-– Jesus e Atualidade, cap. 3.

Permitamos que o Cristo adentre em nosso Ser, lembrando que:

Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras “PAI NOSSO”, está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a HUMANIDADE inteira.
– Fonte Viva, cap. 104 (grifo nosso).

Ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, irmãos. Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando sem condições.

A série Jesus e Atualidade foi abordada em outras publicações de nosso blog, que podem ser acessadas nos seguintes links:

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

Referências:

FRANCO, Divaldo Pereira. Jesus e Atualidade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 12. ed. Salvador: LEAL, 2014. 92p. (Série Psicológica – Volume 1).

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Eletrônico Aurélio. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira e Lexikon Informática, 1999.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap.11 e 15 (Amar o próximo como a si mesmo, item 8; Fora da caridade não há salvação, item 3).

______ O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 93. ed. Brasília: FEB, 2013. Parte Terceira. Capítulo 1 (questão 625).

XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 16. imp. Brasília: FEB, 2020. Cap. 30 (Educa) e cap. 104 (Diante da multidão), p.40 e 118.

* Colaborou para esta publicação: Ana Maria Beims Lopes.
** Imagem em destaque via Pexels.

Compartilhe:

Outros Posts