Cura e Autocura

Sendo as moléstias originadas no íntimo de cada indivíduo, a cura deve iniciar-se igualmente de dentro para fora. Somente com ação do enfermo poderá realizar-se a cura.

A cura é o processo de restauração da saúde. Para alcançar essa restauração do equilíbrio orgânico, o paciente deve ser submetido a um tratamento que pode ser de diferentes maneiras, de acordo com a doença ou condição em questão. Em palestra transmitida pelos canais digitais da Associação Espirita Fé e Caridade, Nelson Mate trouxe uma exposição sobre o tema, à luz da Doutrina Espírita.

Como se dá a cura na esfera espiritual?

Entre os que sofrem, existem muitos que desejam a cura, seja ela de males físicos ou morais. A causa das moléstias que nos desestabilizam a saúde são produzidas em nosso íntimo. A irritação, a prática da leviandade, crueldade, maledicência, tristeza, desânimo, cólera, calúnia, todas estas causas produzem em elevada quantidade agentes destrutivos da nossa harmonia física e mental.

Sendo as moléstias originadas no íntimo de cada indivíduo, a cura deve iniciar-se igualmente de dentro para fora. Somente com ação do enfermo poderá realizar-se a cura.

Na obra Minutos com Chico Xavier, de José Carlos de Luca, o bemfeitor Bezerra de Menezes, que ficou conhecido como médico dos pobres, nos fala:

…da necessidade da alma enferma se empenha em recuperar a sí mesma. Recuperar é recobrar algo que foi perdido. (…)
Recuperar a saúde é recuperar o amor em nós. E quando isso acontece não há espaço para o medo, a raiva,o orgulho e a inveja, causas primárias de quase todas as doenças em nossa vida.
Sem desprezo pelos cuidados médicos a que todos devemos nos submeter. Vamos começar agora mesmo o nosso tratamento realizando inicialmente um check up para avaliar nossas condições de saúde espiritual.
Estamos com os exames e a receita nas mãos.
A cura vai por nossa conta.
— Bezerra de Menezes, no livro Minutos com Chico Xavier.

Poder de cura

Em Ave Luz, o Espírito Shaolin, pela psicografia João Nunes Maia, trata de uma questão do apóstolo Mateus. Após conhecer Jesus e tornar-se um de seus discípulos, o publicano Mateus assistia as inúmeras curas realizadas pelo Mestre e se perguntava: “que poder é este?”

Certo dia, Mateus em suas voltas, ao passar por uma casa, escuta o choro de pessoas, decide adentrar a humilde residência. Lá encontra um menino enfermo em sua cama e os familiares ao redor. E pergunta ele em que poderia ajudar, pensando: “…Ah se o Mestre estivesse aqui para curar o menino…”

Eis que surgem em sua mente as palavras de Jesus: “tudo que eu faço podeis fazer se tiveres fé”.

Mateus, assim, se aproxima do menino, orando e dizendo que ele poderia andar.

O menino se tranquiliza e este dá seu último suspiro.

Mateus sente-se fraco e decepcionado.

Ao deixar a residência, o ancião, pai do menino segura seu braço e lhe discorre todo o sofrimento que a criança atravessara ao longo de seus doze anos, atrelado à cama. E diz a Mateus: “a morte do meu filho foi o milagre que não esperaríamos. Agora ele descansou!”

Mateus, com essas palavras, segue ao encontro com Jesus que, ao entardecer, sempre reunia-se com seus discípulos para passar seus ensinamentos. Ao final daquele encontro, Mateus pergunta ao Mestre: “o que é o valor da cura? O que é curar enfermos?”

E Jesus responde:

“Mateus, que queres que eu faça para que tenhas confiança em Deus?”

Assim, explica a Mateus que a cura não é só o reestabelecimento do desequilíbrio orgânico das pessoas, não é só devolver aos paralíticos o movimento das pernas e braços, ao cego a visão, é também libertar as almas que estão presas ao cárcere da carne, talvez por medo de voltarem à pátria espiritual.

Com esta passagem, conclui-se que o corpo é a roupa da alma, que às vezes encontra-se velha, com vários remendos.

E Jesus ainda fala a Mateus que ele havia libertado aquela alma presa, que partiu com certo alívio.

Mateus em sua fé apenas esqueceu de pedir à Deus que se fizesse a vontade Dele, e não a sua.

Viver melhor

Após a morte do corpo físico, recebemos no plano espiritual o tratamento que necessitamos, e o que tenhamos feito merecer para o alívio de nossas enfermidades.

Nos ensinamentos de Jesus aprendemos que estas enfermidades são causas profundas que se encontram enraizadas no nosso perispirito, e que nos acompanha por vezes há muitas encarnações.

A autocura passa pela reforma íntima. Em seu conceito, autocura “é uma fase aplicada, ao processo de recuperação, em geral, de distúrbios psicológicos, traumas, e outros, motivado e dirigido pelo paciente, muitas vezes guiados apenas pelo instinto.”

Portanto, é impossível curar seja o que for sem o crivo da nossa vontade, da nossa consciência.

No capítulo 4 do livro Respostas da Vida, André Luiz traz pela psicogafia de Francisco Candido Xavier que:

Todos queremos ser felizes, viver melhor.
Entretanto, ouçamos a experiência.
A felicidade não é um tapete mágico. Ela nasce dos bens que você espalhe, não daqueles que se acumulam inutilmente.
Tanto isto é verdade que a alegria é a única doação que você pode fazer sem possuir nenhuma.
Você pode estar em dificuldade e suprimir muitas dificuldades dos outros.
Conquanto às vezes sem qualquer consolação, você dispõe de imensos recursos para reconfortar e reerguer os irmãos em prova ou desvalimento.
A receita de vida melhor será sempre melhorar-nos, através da melhora que venhamos a realizar para os outros.
A vida é dom de Deus em todos.
E quem serve só para si não serve para os objetivos da vida, porque viver é participar, progredir, elevar, integrar-se.
— André Luiz, no livro Respostas da Vida.

A autocura

Caminhando no tema da autocura, sabemos que a comunidade científica avança nas descobertas sobre a ação dos neurotransmissores. Neurotransmissores são substâncias que realizam conexões entre dois ou mais neurônios, criando um processo químico nas sinapses. Neurotransmissor excitatório é aquele que gera um sinal elétrico, estimulando a célula alvo a agir.

Existe, portanto, real interação entre a consciência (a mente) e o corpo, o espírito e matéria.

Assim, quando o homem cultiva ideias superiores do bem, da alegria de viver, da simpatia, do otimismo, do sorriso, produz neuropeptideos equivalentes à sua vontade. Neuropeptídeos são substâncias químicas produzidas e liberadas pelas células cerebrais. Pesquisas indicam que esses neuropeptídeos podem fornecer a chave para um entendimento da química da emoção do corpo.

Ao mesmo tempo, quando cultivamos ideias de sofrimento, tristeza, depressão, as células imediatamente reagem se desorganizando, e as enfermidades se instalam.

Com estes estudos cremos que a verdade espírita vem se demonstra com as teorias estudadas em laboratório. Observando sempre que caminhamos junto aos médicos da terra, mas o doente, o seu comportamento íntimo deve sempre ser observado.

Abracemos sempre o caminho de uma vida melhor e digna, para nossa cura — nossa autocura.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Magda do Carmos Gonçalves.
** Imagem em destaque via Pexels.com

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