As portas físicas estão fechadas, mas o centro espírita não é o prédio, ele extrapola as paredes materiais, numa ambiência espiritual que não é percebida pela visão física.
— O Espiritismo e a Pandemia, artigo Saúde Espiritual e Quarentena: O Atendimento Espiritual on-line, de Helena Bertoldo da Silva.
Através dos canais digitas da Associação Espírita Fé e Caridade, o palestrante Nilson Goes trouxe suas reflexões acerca do tema A Sociedade Desatenta, que também é título de um artigo escrito por Umberto Fabbri, disponível no Correio.news.
Como entender este momento que vivemos?
Em O Livro dos Espíritos, os benfeitores espirituais afirmam:
766. A vida social está em a Natureza?
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.”
767. É contrário à lei da Natureza o insulamento absoluto? “ “Sem dúvida, pois que por instinto os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente.”
O momento atual é de grande importância para refletirmos sobre o fato de estarmos desatentos ante estes ensinamentos, mas cujas ações que competem a nós estão sendo negligenciadas a um segundo plano.
A benfeitora Joanna de Ângelis, em sua décima obra da Série Psicológica, O Despertar do Espírito, de 2002, já retratava o estágio atual em que nos encontramos:
O homem e a mulher da atualidade, após os grandes e inimagináveis voos do conhecimento e da tecncologia, debatem-se surpresos nas águas turvas da inquietação e do sofrimento, constatando que os milenios de cultura e de civilização que lhes alargaram os horizontes de entendimento não lhes solucionaram os grandes desafios da emoção. (…) a desumanização dos sentimentos, objetivando a conquista dos patamares do poder, da glória e do prazer, conspiraram dolorosamente contra o ser essencial, que se reveste da estrutura fİsica, a fim de desempenhar o ministério da evolução.
— do livro O Despertar do Espírito.
A evolução só se faz através das ações no bem, utilizando nosso conhecimento a fim de auxiliar as criaturas sem esperança e em sofrimento.
O palestrante segue extraindo do texto de Joanna orientações muito pertinentes ao momento atual sendo vivenciado pela humanidade:
Automatizado pela mídia que o comanda, oferecendo-lhe o tóxico embriagador para os sentidos, o ser quase não tem tempo ou lucidez para pensar na grandeza de que se constitui, perturbado pelas paixões a que se entrega, e que o devoram. (…) O homem e a mulher destes dias estão carentes de amor, de respeito e de dignificação.
— do livro O Despertar do Espírito.
Ao analisarmos o contexto atual que estamos vivenciando, identificaremos esse retrato que Joanna de Ângelis faz de uma sociedade desatenta e doentia.
O que estamos fazendo aqui?
O retrato da sociedade atual apresentado por Joanna, em 2002, pode ser atribuído à nossa desatenção quanto ao verdadeiro significado da vida. Quando nos propomos a querer compreender qual o propósito de estarmos encarnados, onde nos encontramos, e para qual finalidade, estaremos no caminho correto para entender o momento que estamos vivendo, valorando os fatores que equilibram o ser espiritual que somos.
Estamos atentos à necessidade do momento?
É fundamental que voltemos nossa atenção para nossas necessidades espirituais, nos equilibrando emocionalmente, elucidando nossas dúvidas à luz da doutrina espírita, a fim de combater a avalanche de informações desencontradas que chegam através das mídias e que, se permitirmos, adoecem nosso mundo íntimo.
O palestrante retoma o artigo de Fabbri que ressalta a importância de nossa atuação no lar e o momento atual preocupante que vivem as famílias, que em virtude do isolamento social pelo COVID-19, estão vivendo em confinamento e se deixando dominar pela quantidade de conteúdos tóxicos que adentram os lares por meio de mídias socias, filmes, noticiários e propagandas.
O que fazer?
O palestrante destaca, para nossa reflexão, um trecho da mensagem do Espírito Gabriel Dellane, psicografada por Raul Teixeira, por ocasião do encerramento da IV Congresso Espírita Mundial, realizado em Paris, em 2010:
É hora de despertar, nessa fase aziaga da experiência humana. Estamos perante o extravasar de loucuras sem dimensão; achamo-nos diante das explosões do egoísmo; encontramo-nos submetidos a um tempo de graves pelejas provocadas por incontáveis almas aturdidas, infelizes em si mesmas, que pesam sobre o psiquismo terrestre, espalhando o seu infortúnio. É tempo de cuidados intensos para a inadiável marcha.
— pelo espírito Gabriel Dellane, psicografia por Raul Teixeira.
Nilson recomenda ainda o estudo da trilogia de Manoel Philomeno de Miranda, Transição Planetária, Amanhecer de Uma Nova Era e No Rumo do Mundo de Regeneração e destaca o roteiro baseado em um trabalho realizado por uma equipe contratada pela ONU, coordenado pelo sociólogo Edgard Morin, em que são elencados os quatro pilares para uma educação do século XXI. Nilson indica, ainda, obras da seara espírita onde encontramos valiosas orientações que fundamentam esses quatro indicativos:
- Aprender a Conhecer: Sexo e Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda.
- Aprender a Fazer: Vida : Desafios e Soluções, Joanna de Ângelis.
- Aprender a Conviver: Árdua Ascensão, Victor Hugo.
- Aprender a Ser: Os quatro pilares da educação para o século XXI e o Evangelho, artigo por Sandra Borba.
O palestrante finaliza suas reflexões convocando-nos a atender às orientações de Jesus: prece, silêncio interior e confiança em Deus.
Acompanhe a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:
* Colaborou para esta publicação: Sandra Lemos.