A imortalidade da alma

Sócrates dizia que a alma é semelhante ao divino, imortal, inteligível. A alma é simples e indissolúvel, sempre a mesma e sempre semelhante a si mesma.

Em palestra transmitida pelos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade, o expositor Hercílio Teske nos trouxe o tema “A imortalidade da alma”.

Há muitos anos o homem tenta decifrar este assunto chamado alma. Platão quando escreveu o livro Fédon, conceituou que alma é uma unidade que não se dissolve, mas busca, segundo suas teorias, o aperfeiçoamento a partir de uma série de ciclos. Segundo ele, é através da alma que o homem se reconhece.

O corpo e as sensações explicam para o homem como são as coisas, no entanto, a alma e a inteligência explicam o que são as coisas. É por isso que a alma é esse trânsito entre os dois mundos que nós vivemos, inteligível e sensível, ainda que suas características sejam dadas pelo mundo inteligível.

Platão acreditava na imortalidade da alma, por ela ser pura e imortal desde a sua origem. A alma pertence ao mundo das ideias, ao mundo das coisas inteligíveis, que fazem com que todos os outros objetos existam.

Isto mostra que a alma não pode ser inferior ao corpo, pois ela pertence às coisas puras.

A alma, segundo Sócrates

Sócrates foi o filósofo que fundamentou o conceito de alma para o ocidente, e que viveu provavelmente no ano 470 antes de Cristo. Nasceu em Atenas, e tornou-se um dos pensadores mais brilhantes que a Grécia já teve. Foi o fundador da filosofia ocidental, que influenciado por outro filósofo grego chamado Anaxágoras, continua sendo motivo de muita conversa ainda nos dias atuais.

Sócrates era um homem reto nos seus princípios morais e nas convicções lógicas que detinha. Ele não falava por falar. Parecia destrambelhado diante do povo, mas era bem cônscio da realidade. Logo demonstrou ser diferente de todos ao discorrer sobre a essência da natureza da alma humana. Como também ao observar a necessidade de levar este conhecimento para os cidadãos gregos, pois ele não queria isso apenas para ele.

Tinha certa habilidade de falar, era um orador fantástico, por isso conseguia juntar a síntese do extraordinário, a ponto de reunir pessoas em torno do seu discurso sobre as coisas do mundo, sobre as coisas do ser humano.

Apesar de ser habilidoso na fala, não deixou nada escrito. Foi necessário que dois discípulos, muito tempo depois, chamado Platão e Xenofonte, registrassem os pensamentos de Sócrates, que então chegaram ao nosso conhecimento nos dias atuais.

Sócrates provocou mudanças substanciais no seu tempo e, ao que parece, continua provocando grandes transformações no mundo ocidental nos dias de hoje por ter afirmado em todas as ocasiões a sua certeza sobre a imortalidade da alma.

Fala-se inclusive que ele tinha um amigo chamado Críton, que foi até Sócrates na prisão um dia antes deste ser condenado à morte e tentou fazer com que ele fugisse. E Sócrates afirmou: “Mas como eles vão me matar? Não têm condições de matar o Sócrates. A pessoa que estão tentando matar não é este. Este Sócrates aqui, o corpo, este eles conseguem, mas o verdadeiro Sócrates não pertence a eles”.

Ele tinha segurança naquilo que afirmava em relação à vida. Entendia a imortalidade da alma através de uma outra realidade. E é justo que a humanidade repense e veja estes valores a respeito da alma para seguir caminhando em frente.

Sócrates dizia que a alma é semelhante ao divino, imortal, inteligível. A alma é simples e indissolúvel, sempre a mesma e sempre semelhante a si mesma. E o corpo equipara-se ao que é humano, é mortal, sensível, multiformas, dissolúvel, está sempre em mudança.

A contribuição de Kardec

Já no século XIX, Allan Kardec foi convidado para uma reunião das mesas girantes. Como era conhecedor de Sócrates e cientista, observou atentamente que algo daquilo que ele estava presenciando era a confirmação sobre o que Sócrates já afirmava séculos antes.

Porém devemos, senhores, considerar também o seguinte: se a alma for imortal, exigirá cuidados de nossa parte não apenas nesta porção do tempo que denominamos vida, senão ao longo de todo o tempo, parecendo que se expõe a um grande perigo quem não atender esse aspecto da questão. Pois se a morte fosse o fim de tudo, que imensa vantagem não seria para os desonestos, com a morte livrarem-se do corpo e da ruindade muito própria juntamente com a alma?
— do livro Fédon, por Platão.

Qual seria a vantagem? Será que Deus no momento da criação pensou a colocar um ser aqui na Terra, para viver aqui, que fosse perfeito? Ledo engano quem pensa que a criação acabou, o universo continua em expansão.

Este pensamento vem se propagando em linhas bem tênues, porque precisamos de tempo para entender. Com este tempo, aprumar estes valores e os conceitos morais da libertação espiritual do homem. Se não tivermos um conceito moral, se nós não conseguirmos pesar os valores, não chegaremos a lugar nenhum.

Conheceis a verdade

Sócrates afirmava que a verdade não está com os homens, mas entre os homens. Por isso devemos pensar que, para mensurar esta verdade, mensurar o que é a alma, temos a necessidade de progredir, de conviver entre os homens.

Será que existem alguns valores que temos que pesar, para então poder chegar a uma ideia do que Deus quis ao fazer a alma?

Por isso veio o grande limitador do tempo chamado Jesus Cristo.

Cristo chegou entre nós e trouxe este divisor de águas, ou seja, nós tínhamos a ideia da trilha correta, mas constantemente nos desviamos pelo caminho.

E quem nos conduz de volta para a trilha? Faça esta reflexão.

A nossa alma nos alerta quando estamos no caminho errado e devemos voltar.

E Jesus veio para nos mostrar a possibilidade de nos conectarmos com o Criador.

A certeza que nós temos sobre a imortalidade da alma não se encontra no caminho das incertezas, mas sobre a veracidade de fatos que tantas vezes foram mencionados por Jesus no seu evangelho.

Destacando então que o Espírito criado por Deus, principio inteligente, foi criado para povoar o universo. E para este Espírito inteligente, o criador concede a benção da imortalidade.

Embora a imortalidade da alma tenha sido ensinada por todas as doutrinas espiritualistas, coube ao Espiritismo não somente confirmar esta evidência como também, através de fatos, comprovar a sua realidade, escrito por Kardec:

O espírito imortal é o princípio inteligente do Universo.
– O Livro dos Espíritos, questão 23.

A Alma

Nos elementos gerais do universo, quando nos referimos ao Espírito estamos também nos referindo à alma.

A alma é o que uma pessoa encarnada tem para conduzir, que ainda não é mensurado, não temos conhecimento suficiente para isso.

E o Espírito, como descrito por Kardec:

Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.
– E qual a natureza íntima do Espírito?
Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.
— O Livro dos Espíritos, questão 23.

A alma é daqueles que vivem corporalmente, dos quais a morte despoja do seu envelope grosseiro visível. A alma é a parte que nos liga às pessoas e o Espírito nos liga a Deus.

A imortalidade

Emmanuel já afirmava através de Chico Xavier, que a imortalidade é a essência da vida. Será que no momento em que o corpo é enterrado, acaba tudo? Para aquele que fica, acabou. Para aquele que vai, continua.

Hermínio de Miranda acrescenta:

A história mais repetida e estranhamente mais ignorada do mundo é a continuidade da vida após a morte.
— Reencarnação e imortalidade, Cap 4.

Esclarece também o benfeitor Emmanuel: 

[…] Nós viveremos eternamente, através do Infinito, e o conhecimento da imortalidade expõe os nossos deveres de solidariedade para com todos os seres, em nosso caminho; por esta razão, a Doutrina Espiritista é uma síntese gloriosa de fraternidade e de amor. O seu grande objeto é esclarecer a inteligência humana […]
— Doutrinando a Fé e a Ciência, cap.26.

Implica ainda em conhecimento e discernimento espiritual. O Apóstolo Paulo argumenta, com admirável simbolismo, que a verdadeira morte é o pecado e que a alma purificada no bem se torna incorruptível e vive eternamente.

Então, temos que ter consciência plena de três coisas:

1. somos seres imortais,

2. a vida continua após a morte do corpo físico,

3. existem planos existenciais nos quais o Espírito continua a sua jornada evolutiva, na Terra e fora dela.

A persistência no erro

A vida não é privilégio da Terra obscura, mas a manifestação do Criador em todos os recantos do Universo.

A límpida compreensão da imortalidade do Espírito, segundo o Espiritismo, ainda que se revele lógico, racional e de acordo com a bondade, com a misericórdia divina, está revertida de uma simplicidade sem igual. Isso acontece porque a criatura humana prefere, em geral, se manter prisioneira de pontos de vistas possivelmente oriundos de teorias filosóficas ou de teorias religiosas que não analisam a questão mais profundamente.

A persistência de tais posições, podem resultar sim em uma desagregação social e geradora de muito sofrimento.

Emmanuel pondera que a chegada da época de todos nós reconhecermos que somos vivos na criação eterna, em virtude de tardar semelhante conhecimento nos homens é que se verifica os grandes erros da humanidade.

O Espírito André Luiz nos fornece uma riqueza de informações a respeito da vida no plano espiritual, esclarece por exemplo, que a sociedade espiritual está organizada em níveis evolutivos, a semelhante de mundos muito sutis, dentro dos mundos grosseiros, que são maravilhosas esferas que se interpenetram.

Quando nós nos apresentamos a Divina Providência, ela não nos pergunta o que fomos na terra, mas em que aplicamos os dotes do conhecimento superior. Ou, aos companheiros encanecidos na marcha do cotidiano, em que boas obras converteste o clarão do vosso entendimento.

Se passamos a vida inteira e não fizemos uma boa obra, quando chegar o momento da passagem, vamos para a escolinha novamente, assim como nenhuma criança chega na universidade em um pulo só.

O que é o Espírito?

Dificilmente se pode conceituar o Espírito, a sua estrutura íntima foge ao campo da sabedoria.

Devemos nos expor a análise dos atributos da alma, estudando as suas reações e certas leis que garantem a nossa existência. Se ainda o corpo físico é um mistério para todos nós, o que falar do Espírito?

Para chegar a ele, devemos percorrer vários outros campos, que a alma usa como roupagem na grande caminhada evolutiva e subirmos os degraus gradativamente. O Espírito está em faixa e dinâmica diferente do que se pensa. Todas as explicações dadas até então sobre Espírito, são equações que fogem da realidade, porque os que escreveram já desconhecem muitas coisas sobre si mesmo e não passam de analfabetos da alma.

Conhecer o Espírito é como quase conhecer Deus, ele foge totalmente as comparações que se faz usando os recursos materiais. Ora, se nós não fizemos nenhum esforço e nem queremos anular as pesquisas científicas acerca das coisas espirituais, qual é a nossa intenção?

Somente pedimos a todos irmãos encarnados que comecem pelo princípio. E não deem saltos no caminho científico da vida. Primeiro devemos aprender a harmonizar nossos pensamentos, a dominar o verbo, a nossa fala, criar condições de dentro para fora de nós, para que o amor possa ser o nosso ambiente de viver.

Diante disso notaremos o desabrochar dos nossos corações, para um outro tipo de conhecimento, que nos dotará de valores pelos quais a verdade nos revelará segredos até então escondidos nas obras do nosso tempo.

Como conhecer o Espírito se ainda não sabemos o valor do perdão?

Como dominar o perdão, se ainda não perdoamos nos moldes de esquecermos a faltas que alguém haja cometido contra nós?

Como conhecer a caridade se ainda não vivemos esta caridade justa e proveitosa?

Como conhecer o Espírito se ainda não conhecemos o amor?

Como conhecer o amor se ainda não amamos na verdadeira acepção da palavra?

Conhece a ti mesmo

Eis porque o Evangelho nos convida todo o momento, para a reforma dos nossos costumes em primeira mão, porque o caminho, Jesus nos materializou em direção ao Pai Criador.

Hoje, podemos dialogar com Deus sem ter interveniência de terceiros.

Jesus é o mestre incomparável, podemos ouvi-lo todos os dias pois a sua voz se faz ouvir por todos os meios que desejarmos, basta que haja interesse em aprender com humildade, livrar-nos do orgulho, do egoísmo e abrir a mente para a verdade.

Não queiramos saber o que é Espírito, por enquanto basta saber que o Espírito é vida e que é vida plena, sustentada pela vida maior que é Deus.

Nosso maior dever neste momento e na fase em que nos encontramos, é compreender as Leis de Deus e obedece-las, ativar o estado de harmonia dentro de nós, assim, estaremos sentindo Deus em nossa alma.

Todas as vezes que surgir a ideia de conhecer Deus, devemos orar com fé e logo sentiremos a resposta que for conveniente para as nossas necessidades de saber.

Em suma, quando atravessamos esta grande fronteira, somos apenas o que somos, nada mais.

Assista a íntegra da palestra que inspirou esta publicação

*Colaborou para esta publicação: Débora Hemkemeier.
**Imagem em destaque via pexels.com

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